sábado, 31 de janeiro de 2009

Manifestação em Barcelona


Muita sorte a todos!

As 50 vezes do mesmo


Texto: La Salamandra Blanca

Parece que em Cuba ao invés de motivo de alegria, o celebrar e esperar tudo que possa trazer o Ano Novo, a chegada de cada janeiro é sómente a vinda da esperada celebração do já tremendamente velho Triunfo da Revolução. Com este motivo a imprensa sempre se enche "do mesmo". Saiu a pouco uma revista Bohemia Edição especial com o motivo do 50o Aniversário com artigos publicados no ano de 1959. Em geral e como sempre, ainda hoje, falam dos horrores da ditadura derrubada neste ano e tudo aquilo que "não podemos esquecer" (porém como, se todos os anos, um após o outro, nos recordam o mesmo por mais horroroso que seja?)

O caso é que há umas duas páginas com "Frases para a História", presumivelmente da "Estrela daquele momento", com muitas fotos dele. Há algumas destas frases que gostaria de repetir aqui, para ver que lhes parecem hoje com o fluxo do tempo por elas:

..."O povo ganhou esta guerra. E o digo porque alguem não acredita que a ganhou. Ao povo é que interessa a revolução..."Quem será que em algum momento acreditou que ganhou e se interessou em manter tanto tempo debaixo de seu comando e autoridade absoluta todo o povo?

..."Creio que este povo tem os mesmos direitos que outros povos a se governar, a traçar seu próprio destino."...E desde então...? É hora de que deixem que o povo trace um destino novo, seria bom deixar de viver através do que outro traçou para si mesmo e o fez extensivo a todos.

..."Onde há justiça não há crime, e onde há crime não há liberdade de imprensa; onde há crime se oculta o que se faz."...Liberdade de imprensa? O que é isso...há aqui?

"Este povo não é um povo bárbaro, nem um povo criminoso. Este é o povo mais nobre e mais sensível de todos."...Buceta, porque tanta vontade de fodê-lo então!



quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A estrela fugaz.


Inteiro-me pelo órgão oficial do Partido que nossa estrela já não vive na bandeira. Já deram explicações, porém eu fico com a mensagem simbólica. Acredito que as palavras sobram.
pd: La nota del Gramma se puede leer en Penúltimos Días.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Desclassificação de arquivos PPR


foto: Claudio Fuentes Madan

Ao nosso amigo cacique Guamá, nosso camarada do PCC (Partido da Carne de Cavalo), venderam gato por lebre. Um tal Gorki ( que não é o diretor de PPR porque sabe ligar um computador e até tem conta no facebook) mandou-lhe nada mais nada menos que um comunicado, que o cacique amavelmente publicou. Isentamos o cacique de toda a culpa, assim é que por favor não o queimem na fogueira, já falei com meus antigos camaradas do G2 e todos os arquivos serão eliminados.

Segundo o computador do MININT a informação mandada foi uma coprodução entre Hugo CHávez e Kim Il Sun, que como todos sabem, são noivos e se comunicam através de Fidel Castro, que se faz de intermediário entre os vivos e os mortos.

Lamentamos todas as inocentes vítimas anticomunistas que foram afetadas por esse com-municado.

Aproveito a oportunidade para juntar uma foto minha, que ainda que não venha ao caso, vejo-me muito sexy nela.
El Ciro.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

A revolução...pujante?


Foto: Claudio Fuentes Madan

Acredito que os cartazes e murais políticos faz tempo que ultrapassaram a linha do absurdo semântico. Porém este último adjetivo "pujante" me deixou boquiaberta. A primeira vez que vi uma dessas bandeiras (agora estão penduradas por toda a rua 23) e lí pujante, imaginei uma mulher parindo com tremenda dor e desde então cada vez que leio a palavrinha não posso tirar essa idéia da cabeça. O pior é quando leio a frase completa "A Revolução Pujante". Nem siquer posso tratar de explicar a desagradável imagem que se forma em meu cérebro, onde já não é mais uma mulher que pari, senão que toda uma pobre Cuba exausta esforça-se para parir essa enorme revolução que não acaba de sair de seu ventre de uma vez por todas.

domingo, 25 de janeiro de 2009

A CDR no 50o aniversário



Abandonando as siglas extraoficiais CDR, muito utilizadas em operações no mercado negro, o povo cubano poderá durante 24 horas dizer pelo telefone e em voz alta: “Aqui, compadre, que recebi a Carne de Reis”. Sem embargo há que se ter cuidado, sómente se poderá dizer uma vez porque como é meia libra, se diz duas vezes , levantam suspeitas que já obteve comida para dois.

Aqui lhes deixo a foto do presente dos Reis Comunistas, que diferentemente dos Reis Magos, vêm a cada cinqüenta anos e não presenteiam e sim vendem.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Solução 1: jogar o sofá pela janela - Solução 2: jogar a janela



Foto: Claudio Fuentes Madan

À margem do que possa significar conduzir uma aula sem os conhecimentos pedagógicos necessários para agir, o fato de ter, para cúmulo, falhas acadêmicas já o torna realmente patético. Sem embargo, se acrescento uma televisão acesa que substitue o trabalho do professor já me faltam os adjetivos e entramos uma vez mais no Reino do Absurdo.

Os professores iniciantes e os trabalhadores sociais que conheço estão desesperados: com sete anos de serviço social obrigatório, indo para onde lhes mandam, sem condições de trabalho, enfrentando adolescentes marginais com quem não podem lidar, adolescentes eles tambem e com um programa absurdo: a Revolução decidiu dar-lhes a responsabilidade de ensinar o que eles não sabem.

As consequencias? As exigencias de aprendizado e o nível acadêmico do corpo discente em baixa, os professores deprimidos, alunos com problemas graves de conduta frente à professores com problemas graves de autocontrole e uma televisão que trata de ensinar o que o mestre não sabe. Inclusive há quem se prepara e quer dar sua aulazinha como pode, porém não: não pode apagar a televisão, porque ele não é o dono da aula, senão que aquele que fala impassível desde uma tela é que dita as leis e ele é que diz se já se pode passar ao conteúdo seguinte.As facas para ameaçar os iniciantes e as cadeiras para arrebentar a cabeça dos discípulos formam parte do processo de ensino e aprendizagem em alguns casos. Há quem está dando aula sózinho para uma secundária inteira ainda que tenha metido uma porrada em um aluno, o que vai se fazer se não há outro que assuma semelhante carga laboral ?

Os alunos que sacam armas brancas na escola são levados para outra escola, os professores que metem porradas ou cadeiradas são mandados para outra escola tambem, como diz o chiste: um homem chega em casa e encontra sua mulher com um amante fazendo sexo no sofá, desesperado o cara joga o sofá pela janela. Joguemos todos o sofá, e joguemos por certo tambem o armário e tudo o que haja dentro de casa, e depois saltemos tambem pela janela para ver o que acontece! De todas as maneiras, a experiência governamental nos ampara: o que mais tem feito esta revolução é botar sofás, nas caçambas de lixo.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Uma questão de monarquia


Texto e foto: La Salamandra Blanca

Recordo contos de conhecidos referindo-se aos esforços, gastos e mentiras que alguns pais tinham que dizer para dar à seus filhos um presente pelo "Dia de Reis". Até irmãozinhos nasceram graças ao pedido de alguns nenéns.

A história revolucionária sempre destaca como a gente pobre não tinha dinheiro antes e não podia, menos ainda neste dia, dar nada a seus filhos que ainda "acreditavam" nisto de "Reis Magos e Papai Noel", o problema social das marcantes diferenças entre os que recebiam muito e aos que nada chegava. Portanto o absurdo de celebrar estas datas ficou como algo determinado pelo povo..., com muita insatisfação de alguns.

Porém as diferenças na realidade nunca se acabaram de todo. Trataram de eliminar a mal vista celebração de Natal e o Dia de Reis, que passariam à história revolucionária como parte da vida burguesa de que se devia prescindir, quando na realidade quase eram mais tradição cultural e familiar para alguns que celebração de base e crença religiosa. Então os meninos deviam deixar de lado tanta inocência e deveriam aprender que os Reis barbudos eram outros e traziam outro tipo de presentes.

Vendo neste dia 5 gente correndo para comprar "celulares com jogos" que adquiririam na loja a 25 pesos cubanos (MN) para presentear com tremendo esforço seus meninos, e outros nas filas das lojas de brinquedos em "pesos cubanos" tambem, porém "conversíveis" o CUC (1CUC=24MN), concordei que mais ou menos sempre existiram as "terríveis" diferenças sociais tão "temidas" pelo governo.

Quando menina tive amigos e amigas que tinham de tudo, brinquedos e o que não eram brinquedos, que indicavam as diferenças, só pelo fato de que eram sobrinhos, parentes ou filhinhos de papai. Eu, com a família "comunista pobre" tive que me conformar com o que me cabia pelos cupões da caderneta (de racionamento) em suas três variantes ou categorias, básico, não básico e dirigido. Era já bastante complicado aquilo dos números outorgados e as terríveis filas, somando-se a incerteza de adquirir algo visto na vitrina e a desilusão quando se iam esgotando os mais desejados, as vezes que "faziam barulho" alguns por não chegarem a alcançá-los e terem que sair da loja com "algo" para não ir-se com a cara cheia de lágrimas e as mãos vazias.

Para mim isso de Dia de Reis e Papai Noel não importa nada, nem sei bem essa história (pela minha procedência suponho), porém me pergunto se o absurdo, como tantas outras coisas, não foi tratar de impor a desaparição dessas datas à tanta gente seguindo-lhe importando e tratar de eliminar algo, arraigado ou não, na cultura de massas deste povo. Porque todavia agora alguns avós e pais que passam "uma dureza" entre o problema do escasso salário e os altos preços dos brinquedos, etc, etc...adicionem-se as terríveis e marcantes diferenças com os amiguinhos de seus filhos.

Talvez à estes meninos de hoje só haveria que inventar-lhes um novo conto sobre os Novos Reis (...a estas alturas, bem mais velhos), para ver se acreditam.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Informação é poder*


Fotos: Claudio Fuentes Madan

Nosso último encontro blogueiro foi abrilhantado por Eugenio Leal do blog Mason. Em sua conferência analizou o jornalismo cidadão, o direito do autor, a liberdade de expressão e a autocensura, todos vistos através de uma ética pessoal que pode ser ou não assumida pelo blogueiro. É um tema de difícil consenso e por isso, talvez, foi um dos encontros mais animados, dos que me agradam porque se nota que nem todos pensamos igual e isso é o que é genial, que sejamos BEM diferentes.

Aqui transcrevo alguns parágrafos de sua conferência que achei mais interessantes.:
"Com a Internet estamos aprendendo, além das tecnologias, que se estão criando comunidades humanas de novo tipo na era da informática: as comunidades virtuais. Estas comunidades estão embasadas no intercâmbio, na informação e no conhecimento entre pessoas que podem viver em países diferentes e nunca chegarem a se conhecer pessoalmente..."

"Código de ética blogueiro:

1.Assuma a responsabilidade não sómente por tuas próprias palavras, senão tambem pelos comentários que permites em teu blog.
2.Classifique teu nivel de tolerância para comentários abusivos.
3.Considera eliminar os comentários anônimos.
4.Ignora os idiotas da rede.
5.Continua a conversação fora da Internet, fala diretamente, ou encontra um intermediário que possa fazê-lo.
6.Se conheces alguem que está se comportando mal, faça-o saber.
7,Não digas nada online que não possas dizer pessoalmente.

Este código provocou bastante polêmica entre nós, eu tenho dúvidas a respeito de muitos pontos (ainda que isso seja normal em mim) creio que falar de ética blogueira é demasiado complexo. Há muitos blogs e para cúmulo nós não blogueamos em condições normais, por exemplo: não só tenho comentários anônimos, senão que encorajo que pessoas desde o anonimato ou protegidas por pseudônimos escrevam posts em meu blog. Porém parece-me igualmente bem que entre nós tratemos de chegar a uma linha de consenso, ainda que esta não seja infalível.

Encerro este post com as mesmas palavras com que Eugenio encerrou nosso encontro, uma bonita interpretação das palavras de Jeremias:

"Porque, como Jeremias, do que se trata é: de arrancar e destruir, de arruinar e derrubar, de edificar e plantar:

Arrancar e destruir tudo o que separa os cubanos.

Arruinar e derrubar as barreiras psicológicas da vulnerabilidade.

Edificar e plantar nossa nação, finalmente, com todos e para o bem de todos."

*palavras de Eugenio.




sábado, 17 de janeiro de 2009

Economia Política do Capitalismo


Foto: Claudio Fuentes

Tenho em breve exame desta matéria e estes são os objetivos gerais da mesma. Decidí publicar-los para compartilhar o conflito moral que me produz querer endossá-la.

OBJETIVOS GERAIS:

1.Interpretrar o significado da Economia Política Marxista-Leninista como fundamento científico para a compreensão do carater explorador do Modo de Produção Capitalista.

2.Trabalhar a convicção de que o estudo do capitalismo constitue uma necessidade para a construção do Socialismo.

3.Explicar, pela óptica marxista-leninista e terceiro mundista, que as mudanças sócio-econômicas operadas no capitalismo contemporâneo não alteram sua natureza exploradora, classista e sua tendência histórica.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Um documentário sobre Mussolini


Foto: Claudio Fuentes Madan

Foi exibido na televisão, no domingo passado as 10 da manhã, um documentário sobre Mussolini. Não exibiram os créditos no final e o peguei já começado, assim é que não posso dizer-lhes como se chama nem quem foi o realizador. Comecei a ver e na medida que avançava decidí tomar umas notas para compartilhar-las aqui, a não ser que eu esteja vendo fantasmas onde não existem , porém digam-me se tudo isto não é muita coincidência.

Mussolini:

-Sempre queria ganhar audiência ainda que isto significasse contradizer-se uma e outra vez ante a mídia.

-Sob seu governo só se podia pertencer a um partido.

-A mídia só falava da prosperidade do país.

-No início condenou a censura, que terminou por converter-se no status quo do seu regime.

-Prometia progresso e desenvolvimento.

-Converteu-se no Comandante em Chefe da Itália.

-Fez guerras contra a vontade de seu povo, em que morreram milhares de soldados.

-Sua esposa quase não fez intervenções em público.

-Sua família ocupava cargos no governo.

-Instaurou o serviço militar obrigatório.

-Era muito paranóico e no final de sua vida seu estado mental era terrível.

-Todo o mal que fez supera amplamente o bom que poderia ter feito.

Nota: Não tenho nenhuma foto de Mussolini, assim é que me decidi por esta por pura "coincidência".

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

¿DiSidimos todos ser disidentes? / DiSSidimos todos ser dissidentes ?

(Este texto me foi trazido por uma amiga, parece que meu trabalho está dando frutos e os amigos começam a se agitar e a me darem posts. Ainda que sejam anônimos, sei que pouco a pouco deixarão de sê-lo, já avançamos e este é com pseudônimo, o que me dá esperança de que siga escrevendo)

Foto: OLPL
Texto: La Salamandra Blanca


Há jornalistas, estrangeiros quase sempre porque os nacionais se "cuidam" em demasia, que fazem "perguntinhas incômodas" a "nossos dirigentes", pouco mais ou menos provocadoras de infartos em público. Faz só uns dias que perguntaram a Raúl pela dissidência em Cuba e quase infarta enquanto respondia "contundentemente" a respeito. As vezes um admite como certo que conhece o significado de certas palavras, por muitas razões, por leituras, conversações e de tanto ouví-las das bocas de outros. E sem embargo não as buscamos no dicionário porque o significado é "evidente". Porém me pergunto se as vezes alguns não as empregam mal e nos deixam com uma idéia ligeiramente errônea delas. Disponho-me a dividir, se alguem não buscou estas:

Dissidência: (Do lat. dissidentia.)f. I. Ação e efeito de dissentir. II. Grave desacôrdo de opiniões. Sinon.: desacôrdo, rompimento; Anton.: harmonia.

Dissidente: (Do lat. Dissidens, -entis) p.a. de dissentir. Que dissente.

Divergir: (Do lat. dissidere.) intr...Separar-se da doutrina comum, crença ou conduta.

Essa palavra, dissidência, e todos seus "derivados", neste país foram práticamente convertidas em proibidas, como proibido é quase tudo que seja pensar diferente deles. E por consequencia querem que "as massas" vejam o dissidente como um empesteado social. Fujam do dissidenteeeegrrrr!!!, parecem gritar. Devido a isso pode ser que alguns já foram segregados até de suas famílias, grupos de amigos ou conhecidos, porque simplesmente são ou andam com "desafetos da Coroa". O medo inculcado é grande, reconheço sinceramente que as vezes para mim é,...(por isso escrevo isto como "anônimo").
Neste país, o governo, nas poucas vezes que o faz, menciona a dissidência ( ou "desviados políticos ) como um mínimo de pessoas que eles acreditam "controlar" muito bem. Ademais dão como certo e fazem crer que todas estão supostamente "pagas pelo Império". Conhecendo a fundo já os significados, pergunto-me se o governo, de verdade, acredita ingenuamente que são só um mínimo de pessoas as que dissentem de sua "Doutrina Comum"(??) ou as que estão "gravemente em desacôrdo com as opiniões" dele.
Pois se é assim, creio que se auto enganam ou melhor, se fazem de bobos para não reconhecer que há uma grande percentagem de dissidentes neste país, muitos, milhares. Gente mais do que suficiente que não pensa como "Eles", que querem mudar as coisas, que estão cansadas de tudo, do imutável desde faz 50 anos. Só que lamentavelmente nem todos temos culhões para fazer o que fazem alguns, inclusive gente admiravel e muito jovem, atrevida, com medos porém valentes. E pagos pelo Império? A que Império "Eles" se referem? Ah é, certo que aos "Impérios estrangeiros" pois sim, deve ser, porque neste país uma grande parte do povo vive do que lhe envia seus familiares ou amigos de "fora", não é?

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Vámonos pa’G / Vamos para a G



Ontem, sexta-feira a noite fomos com uns amigos para a G acompanhar um jornalista canadense, estava fazendo umas entrevistas para uma revista de punk rock e queria perguntar aos frikys sobre Porno Para Ricardo. O homem me pediu que o ajudasse a selecionar os entrevistados e para servir-lhe de tradutora durante as entrevistas. Eu estava um pouco pessimista, as vezes tenho menos fé do que deveria, assim é que fui com ele convencida de que ninguem falaria bem de Porno Para Ricardo, de que teriam medo ou de que não diriam seus nomes, equivoquei-me nas três variantes de maneira absoluta.
Todos os entrevistados disseram que PPR era a melhor banda de punk rock que havia em Cuba nestes momentos, que suas canções eram muito boas e com excelentes letras. Para mal estar de Alpídio Alonso, o primeiro no top ten das entrevistas foi: "Comunista Chivatón", seguido por "Comunistas de la Gran Escena"e por "Nueve Cuentos" (este último cantado em ingles por um fan da Faculdade de Línguas Estrangeiras ao microfone). Todos os entrevistados coincidiram em que: o grupo está censurado por dizer a verdade, o governo os teme e reprime, e não há liberdade de expressão em Cuba. Todos disseram seus nomes completos e um disse "não há medo". Sem embargo, sobre o destino do grupo houve várias respostas:

1. Gorki está preso ainda
.2. Gorki não está preso porque o pai de Ciro, desde os Estados Unidos, mobilizou a Comunidade de Direitos Humanos.

Com estas respostas me senti um pouco culpada e decidi retomar a apresentação multimidia "O caso Gorki" junto a Yoani Sánchez, para apresenta-lo não em uma exposição como inicialmente era a ideia, senão para dividi-lo em flsh e CDs, como fazemos com toda a info, e que os frikys possam, ao menos, saber como foi que tiramos Gorki do cárcere.
Por outro lado hoje de manhã recibi um desses correos de por sorte me mandam os amigos, com uma nota de alguem chamado Ricardo Espinosa que se pode ler em Habanemia, o texto ataca predominantemente os roqueiros por fazer escândalo e sujar a "Rua G (ou avenida dos presidentes)" como se chama o artigo.
Eu gostaria primeiro que tudo recordar Ricardo que a rua G se chamava Avenida dos Presidentes quando em Cuba haviam presidentes, assim é que o esclarecimento entre parênteses pode ser interpretado como uma ironia política. Porém não creio que haja sido a intenção do autor, pelo que o aconselho a reeditar sua nota, a não ser que tenha problemas coma polícia política.O resto da nota me parece bastante coerente, é certo que a rua está "tomada" e que há tremendo escândalo. Sem embargo parece-me um pouco exagerado do Espinosa o pensar que "um grupo destes jovens, com o evidente propósito de importunar, estiveram batendo tambores e bumbos desde as 10 da noite até as 5am".
Queria ademais aproveitar sua nota para juntar um pequeno parágrafo, eu gostaria de reclamar por escândalo público ao governo cubano por causa do "protestródromo", e que seus vizinhos tem que suportar dias e dias tumultos de pessoas que assistem a marchas, intermináveis discursos a toda a voz, o tráfego de suas ruas impedido, concertos de todo tipo de música, desfiles de qualquer índole e para o cúmulo dos males, quando chegam à suas janelas, um mar azul é tapado por não sei quantas bandeiras negras, o que lhe valeu um outro apelido à lamentavel "Tribuna Antiimperialista", esta vez literário: Mordor, enquanto qua a Praça da Revolução e o Comite Central se fazem chamar "O Olho de Saurón".




sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Penúltimos Dias

O sítio Penúltimos Dias , ao que parece, está sendo hackeado, Ernesto Hernández Busto, seu autor, está trabalhando para que apareça de novo o mais rápido possível.

O melhor dos nossos encontros blogueiros

foto: Claudio Fuentes Madam


Ontem quarta-feira 8 de janeiro tivemos nosso encontro blogueiro sem nenhuma dificuldade exceto pelo telefone de Yoani, que misteriosamente deixou de funcionar ao meio dia. A apresentação esta vez esteve animada por Reinaldo Escobar do blog Desde Aqui , que sempre com seu senso de humor fora de série me fez rir, as vezes, até às lágrimas. Falamos de liberdade dentro do blog entre outros temas, porém o que mais gostei foram as seleções de Reinaldo para exemplificar durante sua conferência, aqui vão:

Esclarecimento: a citação de metáfora obscura é do companheiro Fidel

Exemplos de anfibologias:

Diga a Manolo que entregue à Roberto os livros que ele queira (que queira quem?)
Eles falaram com Maria de seus assuntos (os assuntos de quem?)
Era notavel a força que lhe trouxe a vitória (a vitória lhe proporcionou mais força, ou foi a força que lhe permitiu obter a vitória?)

Exemplos de metáforas obscuras:

(...)depois das vidas oferecidas e tanto sacrifício defendendo a soberania e a justiça, não se pode oferecer à Cuba na outra margem o capitalismo. Não está claro se estão oferecendo à Cuba o capitalismo desde a outra margem para desviá-la do caminho reto, ou se ao chegar à margem onde estava prevista, oh surpresa!, havia alguem alí oferecendo o capitalismo. Em nosso contexto histórico "a outra margem" é Miami, e por isto que usar o termo a outra margem para referir-se ao final do caminho resulta confuso. Por outro lado usamos margem para as bordas periféricas de uma área, não para os extremos de uma linha.

Exemplo de referência presunçosa

(Em uma receita de arroz frito) "os tomates aqui sobram, não no sentido ontológico que lhe daria Heidegger, senão pela incongruência que poderia indicar Schopenhauer"

Exemplo de esclarecimento humilhante:

Abriu a torneira colocando sua mão sobre a borboleta e dando um leve giro à esquerda.

Exemplo de rodeio desnecesário:

O que quero dizer-lhes, sem que isto ofenda ninguem e sem que minhas palavras despertem alguma susceptibilidade entre meus anfitriões, que me dão uma atenção esmeradíssima, talvez maior do que merece minha humilde pessoa, é que, apesar do agradável da festa, estou cansado.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

A política debaixo dos panos


Foto: Orlando Luis Pardo

Para chegar a entender até aonde nos levou este sistema há que se estar atento a esses detalhes que, por força de meio século, já nos resultam cotidianos e que, sem embargo, são anômalos em qualquer sociedade sadia. No 24 de dezembro sempre comemos com os amigos e a família. Temos alguem da família que é comunista. As dez pessoas com quem comemos este ano por votação unânime, sem abstenções e sem votos contra, decidimos que não a convidaríamos: não poderiamos falar de quase nenhum tema (relacionado quase tudo que dizemos com política, sobretudo o que diz Ciro, o pobre, diz escola e já há uma bronca); não poderiamos fazer chistes políticos ( entre eles ler a classificação de castristas e anticastristas de Enrisco que imprimimos para a ocasião ); não poderiamos discutir aos gritos temas sociais ( não estamos de acordo em quase nada, porém discutimos animadamente ) e o pior de tudo é que sabemos que se sentiria super mal entre tantos gusanos (vermes), e nunca poderíamos restabelecer nossas relações depois de um nefasto 24 compartilhando a mesa.Essas são as tristes situações à que fomos levados por esta revolução em 50 anos: uma sociedade em que pais e filhos não conversam, mães que tiram seus filhos das casas, amigos que não se falam, matrimônios de anos que terminam por razões ideológicas. A mãe de uma amiga de infância esteve casada toda sua vida com um oficial da Seguridad del Estado. Nunca se divorciou porém desde que tenho uso da razão dormiam em quartos separados e enquanto ela ia à Igreja, ele ia para o Ministério do Interior. Anacrônicamente, a parede da sala agonizava um dia sim e outro não, quando uma foto de Fidel substituía a do Papa ou vice e versa, com a familiar bronca gritada que precedia a troca da decoração, com o tempo a de Fidel terminou pendurada num lado da cozinha ( vale esclarcer que a de minha casa desapareceu misteriosamente, junto com todas as fotos que nós tiramos debaixo dela).Creio que a crise moral em que nos banhamos todos os dias ainda não é calculável: o melhor partido, um estrangeiro; a loteria: a permissão de residência no exterior; a melhor aptidão: a moral dupla; o assédio sexual: ingênuo exibicionismo público; as prostitutas: mulheres "lutando"; a ilegalidade: vender ovos; a legalidade: a delação; o melhor da classe: o que melhor mente; sobreviver: roubar.Uma vez no noticiário falavam de um problema grave na Inglaterra porque a maioria dos jovens não exercia seu direito ao voto porque não lhes interessava a política...Que ironia: sonho com que não me interesse a política, com que não me importe quem será o presidente eleito; porém ainda melhor: sonho com que nas próximas eleições, os onze milhões de cubanos que estão dentro da ilha, não exerçamos nosso direito ao voto.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Baixa por perícia médica


Da Saga o Ciro versus a Segurança do Estado.

Os rigores da vida na G2 são demasiados duros para mim...Imaginem, no primeiro dia de trabalho mandaram perfilar-me...Deus!!! Que estupidez é essa de estar parado firme no lugar? Já desde esse momento começou a sacrolombalgia. Depois, quando saudaram a bandeira e começaram a cantar o hino começou a sair-me uma brotoeja por todo o corpo que me dava tremenda coceira. Porém quando aquele coronel disse que havia que recitar de memória os mandamentos da putrefata múmia Castro sobre sua definição de Revolução me deu um infarto intestinal e desmaiei.O médico que me atendeu no Hospital Naval me fez uma prova de tolerância as Palavras de Ordem Socialistas e determinou que não estava apto para continuar prestando serviços na segurança do estado, agora sou um aposentado do MININT com uma pobre pensão de 120 pesos mensais e sendo assim devo regressar à música. Por certo consegui entrar nos arquivos secretos e recuperar meus papéis, assim é que se não sobrevivo às sequelas que me provocaram um dia no G2 aqui lhes passo a letra da canção que fiz al peste a pata do Che.

El Che no se bañaba

El Che era un come pinga parlanchín el día que Castro lo encontró
Y con su muela bizca lo enroló y lo montó en su embarcación.
Y no había un solo expedicionario que se pudiera dormir.
Porque una insoportable peste a pata pululaba por allí.

Los peos que se tiraba despertaban tremenda curiosidad.
Si el asma no lo deja respirar ¿de donde saca tanto gas?
Tamaña podredumbre molestaba hasta al mismísimo Fidel.
Que lo hizo comandante y lo envió a una invasión bien lejos de él.

Incluso tuvo algunos hijos al triunfo de la revolución.
¿Quién sería la loca que aguantaba semejante mal olor?
Y Castro lo mandó para Bolivia pa’ no olerlo nunca mas.
Y con el disimulo se encargó que lo mataran por allá.
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O Che não se banhava


O Che era um chupador de pica tagarela no dia que Castro o encontrou

E com seu gentil comando o envolveu e o colocou em sua embarcação

E não havia um só expedicionário que pudesse dormir

Porque um insuportavel fedor nos pés proliferava por ali.


Os peidos que dava despertavam tremenda curiosidade

Se a asma não deixa respirar? de onde tira tanto gas?

Tamanha podridão molestava até ele mesmo, Fidel.

Que o fez comandante e o enviou à uma invasão bem longe dele.


Inclusive teve alguns filhos no triunfo da revolução

Quem seria a louca que aguentava semelhante mal cheiro?

E Castro o mandou para Bolívia para não cheirá-lo nunca mais.

E com dissimulação se encarregou que o matassem por lá.

PD: Faltou-me uma estrofe que alguem arrancou da folha, seguramente para guardá-la de recordação.

Ciro Díaz

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

No aniversário 50, esta é a questão: ir ou ficar ?


Quadro: Claudio Fuentes Madan

As razões de ambas as decisões são igualmente importantes para mim. O sacrifício de qualquer das opções é grande. Acredito em coisas que podem ser feitas por este país dentro ou de fora, isso não é o que importa.O que me parece, sim, importante é não estar julgando o papel daqueles que estão fazendo coisas desde qualquer ponto do planeta e que todos pensem que todos são da segurança do estado ou oportunistas. Pois parece que o longo braço da paranóia chegou a penetrar nas mentes de muitos de nós até níveis absurdos. Decidir ficar não implica que acredite que haverão mudanças em Cuba nos próximos 50 anos, não quero pecar por ingenuidade e que a desilusão se converta amanhã em arrependimento. Sem embargo, ficar sim é renunciar por tempo indefinido aos direitos que me assistem como cidadã, alguns dos quais nestes momentos exerço porque me dá a vontade, embora não estejam legitimados, como argumenta Mariela Castro em sua extranha carta "não" dirigida à Yoani Sánchez ( parece, de maneira excepcional na história da escrita, que agora os textos que se escrevem sobre Yoani desde Cuba são de pessoas que NÃO estão interessadas nela ou sequer sabem quem é). Por outro lado, decidir ir-me creio que seria, contraditóriamente, renunciar a toda esperança de possível mudança nos próximos 50 anos. Porém como não sonhar com um mundo onde o medo e a paranóia por pensar não existem, onde paguem por meu trabalho, onde não se fale de gratuidades de 60 milhões de dólares para não sei que personagens enquanto nós, o resto dos mortais, todavia estamos com 20 cuc ao mes e sem gratuidades (viagens, férias em Varadero ou em ilhotas em que não posso entrar) e onde a delação, como já disse uma vez, esteja institucionalizada, pois se alguem tem duvidas cito:

"Não se pode dirigir e controlar e ao mesmo tempo ser tolerante; desempenhar o papel de "gente boa" como se diz popularmente. Daí os diversos qualificativos, normalmente depreciativos, que remetem a quantos atuam como realmente se deve fazer"

Discurso de Raúl Castro perante a Assembléia Nacional do Poder PopularPalácio das Convenções, Havana, 27 de dezembro de 2008.

Se faço um balanço do vocabulário que escutei neste último mes, do governo me vem claramente as palavras Ódio e Intolerância, de que mudanças me fala de não sei em que tempo com tal sintaxe, obrigado, porém creio que prefiro Guatemala, porque sem dúvida estamos entrando em Guatepeor (nota do tradutor: país imaginário).

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009


Foto: Claudio Fuentes

Uma amiga veio ver-me e me disse estar muito chateada porque teve que terminar com o namorado (estavam juntos há dois meses). Eu muito surpreendida, porque até quase uma semana era o namorado perfeito, a perguntei porque? Teve a amabilidade de escrever-me as razões, porque como estou convencida de que a minha casa está cheia de microfones da Seguridad del Estado, não me quis dizer em voz alta, aí vão:

1. É Fidelista, não comunista. Disse que Fidel NÃO é o culpado de tudo o que está se passando em Cuba. A culpa é dos que o rodeiam que fazem as coisas sem contar com ele. O pobre, tolera cinquenta anos sem inteirar-se de nada...

2. É o Delegado da Assembléia Nacional de sua circunscrição, porque ainda que não esteja de acordo com a forma como "os Outros" cuidam do país, recebe materiais de construção para consertar a casa ( o fim justifica os meios ).

3. Ele disse à minha amiga que não se queixara por seu serviço social de mais de dois anos, que essa era a forma de lhe pagar, a Revolução, por tudo o que havia feito por ela.

4. Quando chega em casa, sempre de noite e quando ela já está sonolenta, pede que faça café. Sem embargo, ele nunca fez.