terça-feira, 27 de abril de 2010

A chamada de Bayamo



O telefone me desperta e confusa vejo no identificador de chamadas um código 21 desconhecido. Sonolenta pego o telefone e escuto uma voz, com sotaque das províncias orientais, que diz:

-Por favor, preciso falar com Claudia, preciso lhe dar uma informação.
-Sou eu, o que se passa?

Quem me falava do outro lado estava nervoso e na notícia omitia "onde e quem", eu meio adormecida nada entendia:

-Onde estás?
-Na prisão provincial de Bayamo.
-És jornalista?
-Não, sou um preso comum, porém este outro preso está muito mal e ninguém o atende, por isso estou chamando.

Assustei-me um pouco no princípio: quem lhes havia dado meu número? Perguntei e me deu uma lista de desconhecidos. O homem estava preocupado, senti vergonha da minha própria desconfiança.

-Há algum problema? - perguntou.
-Não, nenhum, diga-me o que acontece e verei o que posso fazer.

O que me contou foi isto: o preso Alexandre de Quesada Martínez, condenado desde o ano de 89 por atentado, está muito doente dos rins e lhe negam assistência médica. Faz seis dias costurou a boca e deixou de comer, o pessoal da prisão não dá a menor importância e sua deterioração física é muito evidente.

Seu amigo estava muito inquieto, pediu minha ajuda. Quão desesperado pode estar um preso para chamar uma desconhecida do outro lado do país e lhe pedir socorro?

-Diga-lhe que pare a greve (de fome), o governo não se importará que morra - não pude lhe pedir que também descosturasse a boca, era horror demais.

Pergunto-me o que posso fazer por ele, penso também em Yamil Domínguez Ramos, preso no Combinado e também em greve (de fome), em Marleny González, sua esposa e minha amiga, desesperada. Quantos são na realidade, quantos somam em toda a ilha esses homens esgotados, condenados não à uma prisão, mas sim à um inferno?

domingo, 25 de abril de 2010

Eleições dos candidatos às Assembléias Municipais do Poder Popular



Quando eu era uma menina, colocava o lenço circunspecta - o mesmo que provocava brotoejas no meu pescoço -, parava ao lado da urna e em posição de sentido saudava a bandeira. Era uma pioneira orgulhosa de cuidar da votação, de velar pelo exercício da democracia.

Pouco a pouco as coisas foram mudando: cheguei a odiar aquele lenço martirizador que não podia tirar sem perder minha honra revolucionária, duvidei de uma democracia que não admitia o abstencionismo como posição, compreendi a farsa de cuidar de uma urna que só servia para perpetuar o medo dos votantes.

Cheguei aos dezesseis anos e na primeira cédula em que desenhei uma cruz, pareceu-me o primeiro degrau da escadaria infinita da paranóia: nem sequer tive a coragem de deixá-la em branco. Até hoje - enquanto escrevo estas linhas - cheguei a anular a maioria, contudo não tive força para me ausentar das eleições.

O domingo se aproxima e decidí: será a primeira vez. Talvez possa parecer um pouco absurdo que eu tema "abster-me", por desgraça o medo tem caminhos escuros e parar em frente a presidenta do colégio eleitoral e dizer: "Não esperem por mim, não virei votar" é justamente o que nunca me atrevi a fazer.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Para os trolls*, nem um tiquinho assim**



Foto: Claudio Fuentes Madan

Há cerca de um ano dediquei umas linhas aos trolls. Por vocês, meus comentaristas, lhes dedicarei, hoje, mais algumas. Evidentemente a manifestação troll em Octavo Cerco não é um ato de liberdade de expressão, visto que intimidar, insultar ou ameçar, escrever em persa num blog hispânico e repetir a mesma sandice cem vezes, não denota liberdade, mas sim violência verbal ou sabotagem virtual.

Por todas estas coisas à qual estamos condenados, meus leitores e eu, sinto-me no dever de explicar as razões pelas quais não modero comentários, ou melhor, as razões pelas quais elimino trolls, o que não é o mesmo. Peço-lhes compreensão, sei que a solidariedade é uma força que nos une mais.

-Não tenho um acesso a Internet que me permita moderar os comentários sistemáticamente, é um processo lento e requer muita conectividade, tempo e dinheiro.
-Não quero pedir à ninguém que modere o blog, considero minha responsabilidade.
-Nestes últimos meses vivenciei vários "comícios de repúdio". Dependendo do grau de exaltação da horda primitiva, que representa o governo cubano tenha, saio mais ou menos influenciada: essa é a realidade da minha vida, esse é o dia a dia dos que pensam diferente.
Os trolls existem no meu blog da mesma maneira que na minha realidade existem umas coisas que se chamam "brigadas de resposta rápida". Talvez não seja evidente para qualquer internauta, porém para mim eles são o modo que o governo encontrou para conter as vozes cansadas da revolução mais longa do mundo: insultar, ameaçar e reprimir.

Organizei minhas explicações segundo o grau de importância: talvez se eu pudesse ficar mais tempo na rede das redes, a terceira razão nem sequer existiria. Contudo, para cada dificuldade que se apresenta para que eu continue escrevendo, uma nova ideia surge no meu cérebro e encontra a parte objetiva, para chamá-lo de alguma forma. Sei que estou pedindo que vivam todos os dias um comício de repúdio, sei que é demasiado.

Desculpo-me e lhes peço que tenham com eles a tolerância que nem eles, nem o governo que representam, terão jamais com nenhum de nós.

Post relacionado: Da conectividade aos comentários.

Notas do tradutor:

*troll: Um troll, na gíria da internet, designa uma pessoa cujo comportamento tende sistematicamente a desestabilizar uma discussão, provocar e enfurecer as pessoas envolvidas nelas. O termo surgiu na Usenet, derivado da expressão trolling for suckers (lançando a isca para os trouxas), identificado e atribuído ao(s) causador(es) das sistemáticas flamewars.

**A frase original de Claudia é "nem um tiquinho assim" que foi usada por Che Guevara com relação aos Estados Unidos: ao imperialismo...não dar nem um tiquinho assim, nem uma simples concessão.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

A indolência



Foto: Claudio Fuentes Madan

Apesar de todas as vezes em que escrevi a palavra "solidariedade" na minha caderneta escolar, do tanto que me disseram em casa "estamos nesta sociedade para cuidar de todos", das múltiplas ocasiões em que escutei "sim, o cubano ajuda", nunca pude perceber na vida real esta generalização da bondade em meu congêneres, mas sim muito pelo contrário.

Tenho visto mulheres grávidas viajarem em pé no ônibus enquanto os sentados olham para um ponto morto além da janelinha - uma vez, inclusive, escutei durante meia hora no P4 um cobrador argumentar "por que" as grávidas não tinham direito de reclamarem assento: elas haviam gozado para ficar neste estado, agora aguentassem. Todos os dias quando passo pela 23 com 12 (ruas) escuto o pregão agonizante de uma velhinha bem suja, tentando vender sua pasta de dentes da quota e suas bolsinhas. É normal caminhar por Centro Havana e se deparar com meninos descalços pedindo dinheiro. Tenho que fechar os olhos quando uma médica conta com relutância como um paciente morreu no corpo da guarda porque ninguém deu conta da gravidade do caso. Renunciei faz alguns meses a entrar de novo no zoológico da 26, a imagem dos animais enfraquecidos e presos me lembrou que sempre há quem pague mais caro do que os homens pela imbecilidade humana.

Talvez não me falte ver mais nenhum ato egoísta nas ruas de Havana: roubo e assalto sem que ninguém se meta, policiais abusando dos seus cargos e de sua impunidade, a segurança do Estado ocupando as ruas e relocalizando as pessoas como num jogo de xadrez, os comícios de repúdio, as jineteiras sofrendo o abuso de seus cafetões e da autoridade - sem poderem se queixar sob pena de serem reenviadas às suas províncias.

Contemplei as vítimas e os algozes, os tenho visto até trocando a roupa e intercambiando os papéis. Tenho visto - e me vejo também - virar a cara ante a dor e a pobreza, culpar os pobres de serem pobres e os ricos de serem ricos. Tenho visto "este aguerrido povo que tem resistido 50 anos" afogar-se em álcool e banhar-se depois na lama da inveja e da miséria. Não sei se isso pode ser definido como "resistir", porém tenho a impressão de que o saldo resultante é muito negativo.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Guerra midiática contra quem?



"não gosto de dizer países, prefiro dizer
governos" Reinaldo Taladrid, Mesa Redonda de 15 de abril de 2010.


Da mesma forma que Taladrid eu também prefiro dizer governos e não países, sobretudo quando se fala do meu governo e não do meu país. Tal é o argumento da chamada "Guerra midiática contra Cuba", que na realidade seria neste caso "contra o Governo Cubano", não sei como esta sutileza pôde ter escapado à seleta equipe. Juro que preferiria responder com argumentos sérios, desmentir com veemência as artimanhas, gritar as verdades que nem à eles se permite repelir com mentiras - até para falsificar, desvirtuar e manipular têm a língua amarrada - porém não me engano, resulta-me muito ridículo.

Além das delirantes cantilenas do "caminho do dinheiro" - evidentemente muito difícil de seguir porque, segundo o mesmo "Lázaro Barredo, não são conhecidos os "destinatários finais" das subvenções norteamericanas - as teorias de conspiração sobre "o comando cyberdissidente" e as hipóteses absurdas sobre a existência das Damas de Apoio; consegui ver a hora e meia da Mesa Redonda até o final.

Para minha surpresa enteirei-me de várias novidades:

-O programa televisivo me dá muita dor de cabeça.
-Rosa Miriam Elizalde não está autorizada a explicar suas teorias porque não pode dizer nomes.
-Barredo se torna ambíguo, diz que "a indústria do mal continua há cinquenta anos", porém não esclarece onde se encontra a sede.
-Randy fica nervoso quando ouve menção a "Berta Soler"
-Existe um grupo nostálgico na Espanha - de solidariedade com o governo cubano - chamado "Associação 26 de julho".
-Já foi autorizado oficialmente o uso da palavras blog e blogueiro.
-Um senhor frances, aparentemente, tornou-se famoso por publicar uma entrevista manipulada, porém não pode dar detalhes da mesma porque está terminantemente proibido de dizer "Yoani Sánchez" na televisão cubana.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

A polêmica epistolar



Foto: Geração Y

Lí a primeira réplica de Carlos Alberto Montaner à Silvio Rodríguez como leio as respostas inteligentes que muitos intelectuais dão frequentemente aos defensores do governo cubano. O que nunca pude imaginar foi uma contestação do Silvio, não é típico dos "representantes" do meu país responderem com argumentos civilizados.

Desde o dia 9 de abril a primeira coisa que faço quando me conecto à Internet - e isto é completamente inusitado porque sempre abro primeiro o meu blog - é ver quem respondeu à quem. Esta troca de cartas me excitou ao ponto de ver a mim mesma fazendo "clic" em sítios proibidos em nome da minha higiena internauta, como Kaos en la Red e Rebelión. O trovador me fez derrubar o muro da minha intolerância com uma simples resposta, que mesmo sendo fanática em seu conteudo era muito sincera pelo mero fato de existir.

Não posso dizer que ao fim da polêmica, Silvio Rodríguez - outrora deputado da Assembléia Nacional do Poder Popular - tenha me desiludido. Não pode haver desilusão onde não há Fé. Contudo uma ingenuidade adormecida há tempos renasceu em mim durante este intercâmbio, uma pena que tenha sido exaurida pela sua terceira e resumida resposta. Olhei a tela do computador e de volta com os pés no chão, disse à mim mesma: Como pudeste ser tão sonhadora menina, como pudeste acreditar que se moveria para algum lugar?

terça-feira, 13 de abril de 2010

Cuidar do cérebro



Foto: Claudio Fuentes Madan

Vale a pena fazer exercícios, não fumar, não beber, não se chatear em excesso com as coisas da vida e nem se obsessionar com o amanhã. Ainda que eu não cumpra perfeitamente nenhuma dessas premissas, tenho uma receita - não tão saudável para o corpo, porém muito para a cabeça - que me salvou outras vezes: não deixarei que lavem meu cérebro, prefiro desejar a verdade do que viver me acostumando com a mentira.

A memória é traiçoeira e não consigo recordar o exato momento em que, provavelmente em frente a televisão, disse a mim mesma: "De fato estes senhores estão me mentindo". Por outro lado, e completamente contra a minha vontade, tenho gravados, como hieróglifos, os numerosos comunicados que lí quando era pioneira exemplar, os cartazes que colei "Sim, eu voto por Todos", inclusive as lágrimas que chorei por aquele desconhecido Che assassinado - segundo meus estudos no primário - para que eu pudesse ser feliz.

Depois destas estranhas evocações sobre mim mesma - a outra eu desconhecia e por sorte de pouco valor - tenho um buraco negro do tamanho do universo e minha próxima cena é bastante antagônica em relação ao capítulo anterior, um exemplo perfeito do picadinho de imagens de uma memória traumatizada:

Estou no corredor do técnico médio em que estudei, falo com um grupo de professores e lá está a presidenta da FEEM. A conversação está tensa, porém o caráter é afável, ela me diz:


-Eu creio que as coisas podem melhorar, nas reuniões eu digo o que penso, trato de fazer o que posso.
-Tu serás assim, porém me parece que estar na Juventude, em sua maioria, é puro oportunismo.

Gostaria de saber o que aconteceu exatamente, no meio. O que lí? O que viví? Tento e tento mas não consigo lembrar. Talvez não consiga ver nunca, embora tenha aprendido algo: somos o que pensamos, não podemos nos dar ao luxo de esquecê-lo.

Canção "Maniobras" del Ciro, del disco "Cuando amanezca el día"

sábado, 10 de abril de 2010

Fim de curso



Sei que as palavras são triviais, porém quando comecei meu blog nunca imaginei que conheceria pessoas tão maravilhosas. Não me lembro de quando entrei pela primeira vez na casa de Yoani Sánchez, porém nunca poderei esquecer os quatro meses de academia blogueira - desespero porque comecei novamente o curso, pretendo assistir o próximo como ouvinte. As aulas do bacharel Vallín, as conferências de Dagoberto Valdés, Cultura Cubana de Miríam Celaya, Jornalismo de Reinaldo Escobar, enfim, o espaço de intercâmbio que Yoani Sánchez criou e que me marcou para toda a vida.

Sei que tudo passa, a Cuba em que nasci será um país diferente, as pessoas poderão se expresssar livremente e estes cinquenta anos de silêncio serão estudados na escola como se compreende hoje a Idade Média. Talvez os amigos dos meus netos se aborrecerão quando eu, como um gravador, repetir as histórias que hoje constituem meu caminho pela vida, quando lhes contar que só havia um presidente, um só partido, uma só notícia...Com certeza, eu repetirei com empenho as anedotas daquele décimo-quarto andar em que pela primeira vez na vida falei sem medo, em que, sem dúvida, senti o enorme regozijo de me expressar sem me sentir julgada.

Mostrarei meu diploma e me alegrará que pensem que estou louca, que não lembrem, não temam, não carreguem em seus gens a lembrança da época em que pensar era um delito.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Paus, barras de ferro e cabos?

contrarrevolu

Lí um documento que se chama Plano contra alterações da ordem e distúrbios contrarrevolucionários, uma convocação para a criação de brigadas de resposta rápida nos centros de trabalho. Por uma questão de sorte, para nós civis, o documento vazou e pude me inteirar de que posso ser atacada por um "trabalhador" com uma peça de ferro.

Trato de manter a sensatez, este horrivel chamado para o linchamento civil me lembra - apesar do low level do planejamento se o compararmos àquele cartaz do Polinesio intitulado "Filosofia de luta de nosso povo".

Pergunto-me como é possivel que esses senhores que hoje governam meu país sejam capazes de autorizar pessoas a golpearem, abusarem e até matarem, não posso tirar a horrivel combinação de letras da minha cabeça: p-e-ç-a d-e f-e-r-r-o (cabilla) para dar c-a-b-i-l-l-a-z-o-s, tudo para perpetuarem-se no poder, para conseguir o que lhes é negado pela natureza própria do homem: a eternidade, a divindade e o poder absoluto.

O presidente enlouqueceu? Quem redigiu esta chamado à guerra civil em nome do governo cubano? É o Partido Comunista que insta seus integrantes a atacar fisicamente outros seres humanos? Quem - meu deus e que me chamem de ingênua - tem a coragem, a falta de vergonha e o bestialismo de fazer parte, ou sequer subscrever, este "post-moderno" corpo de voluntários?

segunda-feira, 5 de abril de 2010

O que não quero



Foto: Claudio Fuentes Madan

É surpreendente que numa sociedade laica, matar uma vaca seja castigado pela lei com dezoito anos de prisão e, mais absurdo ainda, matar um homem resulte em dez anos; enquanto um jornalista independente pode receber vinte e cinco.

Sobre esta base de absurdos legais vivemos todos o absurdo cotidiano: comprar carne de vaca no mercado negro pode ser mais perigoso para um cidadão do que ser testemunha de um assassinato, ler um blog independente é um risco igual ao de comer uma bisteca.

Poder-se-ia dizer que uma pessoa que lê a imprensa internacional - conhecida nos meios oficiais como imprensa inimiga - enquanto leva à boca um pedaço de carne vermelha é um cidadão temerário. Segundo a lei não há nenhuma dúvida, e que me desculpem os letrados, torna-se extremamente hilariante imaginá-lo.

Não quero chegar a velhice vivendo esta necessidade, não quero morrer com uma pensão de duzentos pesos enquanto meus filhos quebram a cara como imigrantes ilegais pelo mundo, não quero ligar a televisão e ver a cara do Randy, não quero que uma vizinha se importe se eu voto ou não voto, não quero que meus amigos me digam, vez ou outra, pelo telefone: isso te digo em pessoa que por aqui não posso, não quero - sinceramente não quero - ver a minha vida passar como a viram passar as gerações que me precederam.

sábado, 3 de abril de 2010

Menos de um minuto



Este curta de Orlando Luis Pardo Lazo e sua noiva me deixaram sem palavras. Quando me indicaram-no, disseram-me:

-Não sabemos bem o que significa.

Eu tampouco o sei, e com certeza, é o menos importante.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Industriales Campeão



Foto tirada de havanajournal

Para subir no meu edifício tem que se dar uns gritos da calçada. Não há modo de que todos os vizinhos consigamos instalar campainhas para cada apartamento e um intercomunicador é um objeto semi-utópico pouco conhecido em Cuba. As vezes escuto minhas visitas, as vezes não.

Outro dia uma voz familiar ressoou várias vezes sob minha janela:
-Industriales Campeão! Industriales Campeão!

Era uma amiga para quem, consta-me, o beisebol importa tanto quanto a teoria da antimatéria. Quando lhe abri a porta, muito surpresa, perguntei-lhe:
-O que fazes gritando Industriales Campeão?

Sua resposta me provocou uma gargalhada:
-É a única coisa que se pode gritar sem que te levem presa, há que se aproveitar.

Quando conheci Geração Y fiquei fã na hora e traduzi alguns posts para o francês, ainda lembro da primeira "Cartazes sim, porém só sobre bola". Tres anos se passaram desde aquele Play Off de que Yoani nos falava, os cartazes continuam, as palavras de ordem são válidas, sempre e quando nos falem de bola.