sexta-feira, 28 de maio de 2010

O estado irracional


Foto: Penúltimos Días

Neste dias a onda da expectativa me pegou: por mediação do Cardeal Jaime Ortega nos inteiramos que Raúl Castro estaria disposto a libertar alguns presos políticos e de consciência - os mais doentes - atrevo-me a imaginar. Este diálogo entre a Igreja Católica e o General não é fortuito, senão a consequência dos numerosos crimes morais que tem caracterizado a "jovem presidência" do Herdeiro.

Quem recorda nestas alturas o ar de mudanças políticas e econômicas que muitos viram no novo porém quase octogenário presidente? Longe das esperadas reformas nos chegou um prisioneiro de consciência morto em greve de fome, um Guillermo Fariñas intransigente em seus ideais e disposto a seguir os passos de Zapata Tamayo, um aumento consideravel dos atropelos da polícia política contra as Damas de Branco e o lógico repúdio da opinião pública internacional, que os meios oficiais se empenham em chamar de "Campanha Midiática Contra Cuba".

Não tenho esperanças nas boas ações de um Estado cujo simples fato de existir demonstra o totalitarimo que o sustenta. Contudo, mesmo que a mediação da Igreja não dê frutos nem liberdades, alegra-me que os representantes da Fé Católica em meu país hajam tomado posição públicamente frente aos abusos cometidos com total impunidade pelo Estado Cubano.

Talvez mostre-se um pouco ingênua minha conformidade com o diálogo somente, sem esperar os resultados, visto que o objetivo destas negociações seria encontrar um ponto intermediário de benefício para ambos oponentes (Raúl Castro vs A Liberdade), e evidentemente os livres não foram convidados à colocarem suas cartas na mesa. No Comitê Central do Partido a pasta "coerência política" foi guardada sob chave há muito tempo, espero que a Igreja lembre de sopesar este detalhe.

Um comentário:

Jambalaia disse...

Quando se votou no Brasil a lei da Anistia, os parlamentares discutiram esta lei com a sociedade e quando ela foi aprovada, pareceu na época ser muito boa, pois muita gente pode voltar ao Brasil e continuar com a sua vida.

Eu pessoalmente acho que vocês estão esperando que uma conversa entre o ditador e a igreja já produza algum fato concreto.

Creio que deva demorar ou até mesmo, nunca nada acontecer.

Na verdade não existe diálogo em seu país. Existe apenas propaganda política estatal. Discutem muito sobre esta propaganda. Aqui no Brasil, ninguém da muita importância as propagandas do governo.

A família Castro parece estar muito tranquila no poder, pois sua mídia apenas relata prêmios e condecorações recebido por Fidel Castro.