quarta-feira, 29 de abril de 2009

A decisão de Claudia


Ilustração: El Guamá

Todos os dias me levanto com uma nova decisão definitiva que geralmente é antagônica a anterior: vou bater a caçarola vs não vou bater a caçarola. Hoje por exemplo decidi que vou bater, não sei se conseguirei persistir até o dia primeiro ou se simplesmente naquela de num sim e noutro não, sendo o sim na sexta-feira e talvez batendo.

Persistindo o Sim entro em outras dissertações mais profundas: baterei a caçarola na minha casa? Vou com umas canecas para o Malecón? Uma caçarola é uma arma branca? É possivel armar uma rumbinha? Lía me disse que se formos para o Malecón e fizermos rumba, talvez seja a melhor opção.

Poderia bater todos os dias uma caçarola por Cuba, pela permissão de saída, pelos presos, pelo sistema e por nada, só para que soe bem metálico que EU NÃO: qualquer e nenhuma razão me parecem boas.

Baterei a caçarola a propósito por todos meus amigos que a quiseram bater e não vão se atrever, a baterei por Yoani e por Edgar, por mim e pelos meus vizinhos. Enquanto soar desejarei em segredo que a próxima convocação diga algo assim como "Apagar a luz", creio que posso convencer até minha mãe a apagar a luz...não consegui convencer ninguem a bater a caçarola. Darei duro para que faça eco e lamentarei certamente não conseguir ouvir aquela que em algum ponto da minha cidade, tambem soa.

Ainda que talvez esteja me equivocando.




A verdadeira história de Placetas


Tirado da Saga: El Ciro versus a Segurança do Estado
Foto-montagem: Lía Villares

Agora amigos lhes contarei como destruí os agentes do G2 de Placetas:

Claudio e eu chegamos em Placetas ao meio dia em nosso helicóptero entre aclamações e júbilo dos placeteros, que até então sofriam sob o jugo da segurança do estado. Perguntamos onde estava situado o domicílio do amigo Antúnez e nos dirigimos até lá. Ao ver-nos um policial da equipe que o G2 tinha colocado na esquina pediu-nos as carteiras ignorando meus poderes jedi, foi assim que o fiz levitar a 40 metros do solo (agora lembro que nunca o desci), o resto da guarda fugiu espavorida.

Entrevistamos o bom Antúnez, que estava, coitado, bastante fraco pelo jejum, falamos umas horas e me deu os nomes dos culpados de que em Cuba as casas estejam caindo: eram uns tais Raúl e Fidel Castro que parecem ser irmãos. Despedi-me prometendo-lhe que daria conta deles quando chegasse em Havana.

Na saída de sua casa, surpresa! Haviam tres caminhões de polícia especializada comandados pelo capitão do G2 Clavo de Línea, com cassetetes japoneses e outros utensílios. Enviei Claudio para conferenciar e evitar um derramamento de sangue porém regressou com um galo e então me enfureci. Ante uma avalanche policial desembanhei o sabre de luz e cortei 10 cabeças. Clavo de Línea ordenou então que disparassem as Makarov, porém ficamos transparentes e as balas esmagaram-se contra a fachada da casa e uma fez voar o rádio Selena de Antúnez. Voltei a me enfurecer.

-Redemoinho - gritei, e houve silêncio e expectativa.

Porém este novo plugin não funcionava bem e só acendeu um ventilador na casa em frente. Agora voltaram ao ataque com gritos ferozes e cassetetes porém os fiz voar em pedaços com a onda espansiva que a palma da minha mão impulsiona, todos menos um: Clavo de Línea.

Havia capturado Claudio e o conduzia num táxi do Ministério do Interior até o quartel-general de Santa Clara (em Havana os carros do MININT já são Audi e Mercedes porém em Placetas o G2 é uma merda). Rápido montei no meu helicóptero e o persegui até onde, por um dos azares da vida, acabou meu combustível sobre a tal G2-landia e fui de encontro à sua placa de fibro cimento fazendo voar todo o edifício, quase mato o Coco Fariñas que tinha acabado de ser solto após estar preso uma semana.

Quando Clavo de Línea chegou o peguei pelo pescoço e o levamos à linha férrea mais próxima para fazê-lo honrar seu nome, Não sei se já o tiraram do trilho. Em breve nós pegaremos o par de rufiões Castro para colocá-los para trabalhar o resto de seus dias numa microbrigada.

Tradução do texto da foto: "Rapaz, que te importa este negro?"
Post relacionado: "Que te importa este negro?"

sábado, 25 de abril de 2009

Idoneidade



Entrevista com Ciro Javier Díaz Penedo (El Ciro):

-Em que ano te formaste em matemática e onde ficaste trabalhando?

El Ciro: Em 2004 dei aulas de matemática na Universidade como aluno ajudante durante os últimos dois anos de meus estudos porque era minha vocação e por falta de professores.

-Que relação tinhas com teus alunos, tu gostavas de dar aulas?

EC: Eu gostava muito de dar aulas e minha relação com meus alunos era a melhor, Ainda é.
-Que é exatamente o Aval e porque não te deram?

EC: O Aval de que falamos é um certificado emitido pela direção da faculdade que avalia tua capacidade de dar aulas num centro de educação superior e, ao menos no meu caso, os encarregados de me avaliarem eram a UJC (Liga da Juventude Comunista) e o reitor. Quando inteirei-me (por terceiros) que não tinha aval para lecionar ofendi-me porque todas as avaliações porque eu passara no tempo em que dava aulas foram boas. Assim os fiz saber e foi então que me informaram que haviam requisitos políticos que eu não apresentava para ser avaliado.

-Teus alunos escreveram cartas para que continuasses dando aulas na universidade. Houve alguma resposta a este pedido do corpo discente?

EC: Meus alunos escreveram cartas onde davam sua opinião sobre meu trabalho, eu pensei ingênuamente que apresentando estas cartas em níveis superiores seria corrigida a injustiça, porém resultou que eles se omitiram em relação a estas e a única resposta que recebi foi de um dirigente da UJC, que brandia que havia pessoas mais qualificadas que eu para esse trabalho. Curiosamente estas pessoas eram Wilfredo Morales e Celia Tamara, os únicos membros da UJC na minha classe e com muito menos rendimento acadêmico que eu e com muito menos talento, para ser sincero.

-Como soubeste que já não podias exercer? Que sentiste? Quantos estiveram na mesma situação que tu?

EC: Tratei de buscar trabalho em outros centros de educação como a UCI (Universidade das Ciências da Informação) e a CUJAE (Politécnica Jose Antonio Echeverria) e me recebiam com banda de música porque escasseavam professores pelos baixos salários e os que haviam tinham muita carga de trabalho. Porém no final a resposta era a mesma - não te deram o aval -. Nesse ano fomos cinco que não tivemos aval, Sergio, Hans, Yohana, Adriana e eu.
-Se pudesses trabalhar outra vez como professor na universidade o farias?

EC: Com muito gosto daria aulas na educação superior.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

O aniversário de Lenin



A pergunta do dia: Tu leste a reflexão de ontem? Talvez o Comandante deveria fazer um blog, em blogspot com certeza, um sítio público, do povo, democrático, justo como ele gostaria. Estou convencida de que aceitaria estóicamente os comentários negativos, os insultos, a gente que nunca parece entender o que quer dizer...assim não teríamos que comentar entre nós nossas impressões e poderíamos somar com o companheiro Fidel nas fileiras da insipiente blogosfera cubana.

Porém não é em sua reflexão que vou me concentrar, ainda que a tenha lido não me surpreendi, mais do mesmo, mais do que, faz tempo, vejo e parece que continuarei vendo: totalitarismo, militarização e nada de liberdade de expressão nem de direitos humanos, nada de medidas para facilitar nossa vida, nada de abertura.

O que realmente me surpreendeu, todavia, foi o artigo da manchete (as reflex estão na segunda). Posso dizer que desta vez o Granma sem dúvidas superou todas as minhas expectativas, creio que inclusive superou as expectativas do conselho de direção de Brainstorm... senhoras e senhores, quando Raúl Castro fala de diálogo, de presos políticos, de direitos humanos e de liberdades cidadãs (ainda que seja em sentido figurado, claro) quando o presidente Obama suspende as sanções, quando se analiza se Cuba será reintegrada na Cúpula das Américas; o Granma nos presenteia uma exclusiva: Vladimir Ilich Lenin, um homem excepcional.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Militarização


Estou feliz com que os Estados Unidos levantem as sanções e assumam uma nova posição política com respeito ao governo cubano. Porém me aperta o peito quando saio à rua e reafirmo uma impressão que vai se convertendo em certeza nestes últimos meses: de cada cinco carros que circulam pelas avenidas dois tem chapa verde. Meus amigos confirmam minha inquietude, além dos conhecidos Ladas, agora BMW e Audi ostentam a inconfundível chapa do Ministério do Interior.

O que está sucedendo? Por que de cada cinco carros há dois de militares? Por que vejo minha cidade "enverdecer-se" a níveis absurdos em menos de três meses? Por que desde 23 e G até 23 e Malecón há, além dos policiais, grupos uniformizados de verde oliva transitando? Por que se Raúl Castro afirma que quer terminar com a "Guerra Fria", a operação Caiguirán continua levando diariamente os homens "aptos" FAR ? Pois sim: artistas, médicos, informatas, estudantes, desvinculados, vinculados, profissionais e todo mundo receberam a tristemente esperada citação do Comitê Militar para mobilizarem-se numa Unidade Militar durante um mes no mínimo (meu cunhado foi levado duas vezes). Por que se o governo cubano exige o levantamento total do embargo e apóia a reunificação familiar, Edgar López leva dois anos esperando sua permissão de saída para estar com sua esposa, sua mãe e seus irmãos? Por que então há um aparato e detenções diárias em frente a sua casa para que termine sua greve de fome ? Não seria mais consequente, mais inteligente e inclusive mais conveniente para o governo outorgar-lhe o livreto branco?

A desinformação é um buraco negro no cérebro da gente. Ontem saindo do cinema um amigo me dizia que era bom suspender as sanções sobre as viagens, porém que Obama deveria também suspender as restrições informáticas... Quando lhe disse que já estavam suspensas quase desmaia: acabava de argumentar que em Cuba não havia Internet por culpa do embargo.
Com os olhos muito abertos e cara de decepção respondeu: Porém isso não o disse!

Já perguntei num post: Estamos em Alerta Vermelho? Porém o triste é que parece que continuamos.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Um pouco de música



Foto: Claudio Fuentes Madan

Quando eu tinha 18 anos ouvi pela primeira vez no Malecón, com certeza sem acompanhamento instrumental, "El Cable" de Maykel Extremo, raper cubano. Agora caiu-me nas mãos através de um pen drive e emocionou-me muito: pude gravá-la, não se perdeu no anonimato o melhor resumo que escutei na minha vida do que é a realidade cubana. Eu digo que faço catarse no blog, porém sem dúvidas, ele baseou el cable na verdade, aqui lhes deixo, desfrutem-na.

sábado, 18 de abril de 2009

Opiniões literárias



Foto tirada do blog de Zoé Valdés

Estou numa casa esperando uma amiga, há dois livros em cima da mesa: "La Nada Cotidiana" e "El Dolor del Dólar", ambos de Zoé Valdés. Não tinha lido o segundo, assim o pego e ponho-me a folhear-lo ao acaso, pergunto-me de quem seriam para perdir-lhes emprestados...a gente entra e sai, porém ninguem parece ser o proprietário. Num momento determinado estrangeiro entra, olha com espanto a bibliografia e exclama: mas quem lê esse horror !

Olho-o supresa e só me ocorre perguntar timidamente: Porque ? Suponho que me falará de literatura, que não gosta de Zoé, cada cor tem seu apreciador, não? Até imagino uma interessante conversação literária, pretendo confessar-lhe que não lí "El dolor del dólar" porém que gostei muito de "La Nada Cotidiana"...todavia minha imaginação, por muito fecunda que seja, sempre é superada pela realidade. Olha-me e sei, pela sua expressão, que pensa que não sei quem é a autora, assim me dedica cinco minutos do seu tempo para explicar-me:

- Essa escritora é o pior da "campanha internacional anticubana" etc., etc., etc., muito produtiva (e com nojo acrescenta) tem tido muito êxito na França.

Fico apatetada, esperava o golpe por qualquer outro flanco, por um segundo duvidei, talvez estou delirando, talvez Randy Alonso se disfarce de turista aos meio-dias antes de ir para a Mesa Redonda. Porém sou perseverante, já elaboro uma resposta ainda que me deprima um pouco ter estas discussões com os cidadãos europeus livres, espero que coloque uma vírgula em seu discurso sómente para dizer:

-Creio que a posição de Zoé Valdés é contra o governo cubano e não contra o povo cubano, que não é o mesmo.

Porém fico com a frase na ponta da lingua, termina seu sermão, me dá as costas e se retira. Dá por certo tantas coisas que não acredita ser necessário esperar pela minha reação: está convencido de que não tenho nada a dizer, de que não lí Zoé Valdés (os livros bem poderiam ser meus), de que desconheço o conceito de "campanha anticubana", de que não leio, de que não sou capaz de opinar nem sobre política, nem sobre sociedade e nem sobre literatura.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

O fim NÃO justifica os meios (segunda parte)


Foto: Claudio Fuentes Madan

Antes de tudo: pode me explicar que idéia é essa de que te mandarei pro caralho por tempo indefinido? Imagino que é uma metáfora cifrada (esqueci o código e talvez tenha perdido um pouco o senso de humor) porque me nego a pensar que tenhas chegado à semelhante conclusão depois de ler meu blog, agora me sinto preocupada, creio que me inspiraste e dedicarei um post a tua mensagem, se me permites, com certeza, não poria teu nome, claro, porque não quero que tenhas problemas por minha culpa.

Sobre Antúnez, sei o mesmo que tu, que está há um mês sem comer e que está pedindo liberdade para os presos políticos e que tirem da cela de castigo um rapaz, o que eu queria era fazer uma entrevista para o blog mas não foi possível...Que exagêro!

A verdade é que não há necessidade que me dês nenhuma explicação, se tens medo ou não, isso para mim não é transcendental, eu, por exemplo, tenho medo pra cachorro. Quanto ao teu viés ideológico (já, já, já) isso já é velho, desde que nos conhecemos temos pensado diferente e mais de uma vez nos falamos energicamente (ou para ser mais sincera) te falei energicamente, e recordo que uma vez até me repreendeste por fazer uma brincadeira sobre Fifo e os mosquitos que não lembro, porém foi muito cômico.

Já que queres que falemos, espero que não leves a mau o que vou te dizer, o primeiro é que me importam três pepinos que sejas fidelista ou comunista (diferentemente dele: não mataste ninguém, ninguém está preso por tua culpa, não censuraste nenhum livro, não reprimiste e nem repudiaste, assim sendo para mim está tudo OK). Porém isso de que vives no noticiário, a verdade é que porque queres, eu não tenho antena, agora é que tenho um blog, e desde fazem muitíssimos anos que estamos olhando a realidade com diferentes olhos, o porque, não o sei, porém de algo tenho certeza: o noticiário não existe e isso não faz falta de ser comprovado na Internet nem pela televisão estrangeira, e tu o sabes.

A liberdade de expressão não é uma necessidade da sociedade cubana, é um direito de cada um dos cidadãos do mundo; não sei se a democracia é um caminho para a sociedade perfeita, porém é ao menos a possibilidade de que cada cidadão possa e tenha o direito de tratar de construí-la. Dá no mesmo para mim se dinheiro faz falta ou não, sei que para eles, esses velhos enfermos de poder nos quais tu tens Fé, lhes sobra e com certeza, eu não só não tenho dinheiro, senão que não tenho direito a tê-lo e nem sequer a dizer que não o tenho. Teu pai é coronel? O meu também era (creio). Desde quando Cuba está dividida em gusanos e chivatones (vermes - contrários ao poder - e delatores)? Quem é o autor intelectual do novo status? (novo é uma parábola, tem 50 anos) porque tu temes que prendam tua família por delação e eu temo que chantageiem, extorsionem e ameacem a minha...Quem é o culpado de que hoje, tu e eu, que não temos nem 26 anos completos, estejamos trocando essa estranha correspondência sem pé nem cabeça?...Quem é que disse que tu e eu devemos odiar-nos?

Para mim a facção de cima colocou a de baixo, e deve já, a facção de cima, retirar-se, porque estão bastante velhos e bastante dano tem feito a todos nós. Porque não o fazem? Porque mentem? Porque estão enfermos de poder, porque não temos importância para eles, nem tu, nem eu, nem teu pai, nem o meu, nem teus amigos de juventude, nem os meus da dissidência, nem o pessoal que não liga para política, nem os que morrem na balsa, nem os que vivem nos barracos, nem os pobres, nem os ricos, nem os gerentes, nem as putas, nem os meninos, nem os velhos, ninguém lhes importa... assim é: se não nos importamos que façam o favor de irem-se. Ainda que venha outro e talvez igualmente não possa consertar o caos, pelo menos fica a esperança de que outro logo virá e pouco a pouco, iremos saindo desta ignomínia em que se converteu nosso país.
Sobre os cigarros, a verdade é que não pretendo golpear na cara absolutamente ninguém. Contudo, nestes momentos no MININT deve haver uns quantos com fantasias de me golpearem. Já te digo, o ódio é deles e quando eles se forem, já não haverá ódio. Ninguém vai matar ninguém com golpes de facão, porque os que fuzilaram a esquerda e a direita foram eles e na verdade acredito que o que o pessoal de “Pátria ou Morte” tem, são problemas no estômago. Milagrosamente, entre todas as coisas ruins de que sofre nossa sociedade, uma sã apatia a libera da estúpida necessidade de crerem-se protagonistas da história e messias da construção do homem novo. A ideologia agoniza, para sorte de todos.

Bem, já basta de conversa fiada, se me mandas uma foto, que seja pequena, menos de 100k, comporte-se bem e navega com Proxy, porque sei de boa fonte que lá vigiam de perto a Internet.

Quero-te muito e cuida-te,

Claudia.


PD: Quando vieres te mostro uma pilha de documentários do comunismo, estão muito bons, da Europa do Leste, muito sérios e históricos, tenho um da história do marxismo como filosofia que está super bom, a pilha de coisas que não foram dadas em “Filosofia e Sociedade”, por gosto, porque não são nada do outro mundo.

terça-feira, 14 de abril de 2009

O fim NÃO justifica os meios (primeira parte)


Apesar destes longos cinquenta anos do povo dividido entre "chivatones"(delatores) e "gusanos"(vermes - pessoas contra o regime)), hoje sinto-me um pouco menos segregada, um pouco mais livre de etiquetas, muito jovem e entre jovens, que como eu, estão cansados da linha ideológica que nos separa. Esta estranha sensação de reconciliação devo a um amigo que, do exterior (cumpre missão), enviou-me uma bonita mensagem. Pedi autorização para publicar nossa correspondência que foi dada, inclusive disse-me que publique seu nome: ele não acredita que lhe aconteça nada, porém eu sim, assim é que não o farei, prefiro omitir sua identidade e também o país onde neste momento trabalha.

As duas correspondências são um pouco grandes, assim decidi publicá-las em duas partes: minha resposta virá no post seguinte.

Foto: Claudio Fuentes Madan

Oi Clau!

Como vai? Fiquei muito alegre de encontrar-te no Facebook, casualidade ou não. Futricando no teu perfil e no teu blog inteirei-me de um par de coisas, dessas que no Granma e no Juventude Rebelde com certeza não saem: o caso Antúnez ( nem ideia de quem é, nem o que é que quer), o de Ciro e Claudio presos, e um par de etecéteras. Pois bem, sem mais delongas: devo-te uma explicação. Provavelmente não queiras ouvi-la (lê-la), porém mesmo assim de todo modo sinto que te devo.

Quero começar por dizer-te que não é medo o que tenho. Isso pode ter várias causas. Uma é, com certeza, o que eu vi no noticiário internacional: “Guerra no Iraque, guerra no Afeganistão, guerra na Palestina...”; Nacionais: “Ganharam todas as medalhas, romperam todos os recordes, o turismo aumenta...”; resumo: “Se não fosse pelo bloqueio aqui tudo estaria perfeito, e o resto do mundo está totalmente fodido”. Vivo na desinformação, porque, além disso, admito, tampouco me importa muito o resto (sou um tipo egoísta, ainda que não goste de admiti-lo e trate de esconde-lo quando estou com meus amigos). Só meus dramas científicos e passar tempo com os colegas. A segunda razão é meu pai. Como disse uma vez um tipo que eu conheço por aí: “Por dar um tabefe num filho de coronel nesse país são 20 anos”. Um palestino equivocado pode buscar retroativamente todo tipo de problemas e complicações em sua vida, e por isso eu ando por aí como se fosse Bruce Willis em “Unbreakable”. O que tenho, já te disse, é desinformação.
A parte da explicação: mesmo na desinformação sei que a retorcida maioria das coisas em Cuba estão fodidas. Mesmo assim, continuo sendo vermelho, porém porque? A explicação que eu te dou é esta (se é que não estou enganando a mim mesmo): creio que nossos problemas, antes que democracia e liberdade de expressão, necessitam de grandes quantidades de dinheiro para serem resolvidos, assim é que, continuo trabalhando e me portando como um bom menino, a gente que dirige (os bem acima, não o bando de corruptos intermediários) irão progressivamente resolvendo as coisas, inclusive meu trabalho atual e o que será o lugar do meu trabalho futuro, vejo neles essa motivação: supõe-se que será um lugar em que far-se-ão coisas avançadas no mundo e que dará dinheiro. Talvez tudo isso seja um castelo de nuvens, e tudo no final seja uma merda como tantas outras coisas, porém no momento confio nele. Mesmo assim tudo isso não justifica a censura sacana que nos impõe, quando só nos inteiramos de uma pequena fração das coisas que ocorrem, dentro e fora, e que bloqueiem teu blog, e bloqueiem Geração Y, e todos os demais etecéteras.

Outra parte da explicação é: suponha que tudo caia e ocorra a transição. O que evitará que nos convertamos num Haiti? A outra: não quererás tu mesma (isto é meio de brincadeira, meio a sério) apagar um cigarro na cara de alguém enquanto dizes “comunista”? Na realidade tu não, nem o resto de gente razoável que conhecemos, ou que não conhecemos. Porém respondes também pelos não razoáveis? O que evitará que, dentro de um hipotético caos inicial, não matem a machadadas a mim, minha mãe, minha irmã, meu pai e a minha avó, por ser a “família de um delator”? Quando te digo isto não é exagerando (eu sou algo exagerado por natureza, porém agora estou tratando de não sê-lo).

Tenho medo desse tipo de situação.

Resumindo: não creio que num futuro próximo vá pensar como tu, porém no que me diz respeito, tu estás antes do vermelho ou azul, porque és minha amiga, e porque, ainda que nos vejamos uma vez cada 200 anos, apoiar-me é complicado (talvez não tanto como acredito eu, porém igualmente é complicado). Alegro-me também de ter a ti e teu blog, ao menos pelos meses que me restam aqui, um lugar onde equilibrar o que leio no resto dos lugares.

Eu te repito o que disse uma vez: és livre de mandar-me para a casa da p... quando achares conveniente, vou aceitar sem o menor ressentimento. Só me entristeceria se o dissesses permanentemente, porém de qualquer modo seria porque sou inoportuno por natureza.

Um beijo bem grande e te quero muito.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Catarse



Este blog é meu suporte, nele faço catarse um dia sim e um não e solto um pouco o que me aperta a garganta. Outro dia uma garota, professora como eu, perguntava-me muito seriamente o que eu pretendia conseguir com meu blog. Estávamos numa festa e eu podia ver seu ceticismo, sua dúvida, sua paranóia e sua desconfiança...era meu espelho, era eu dois anos atrás: recordo-me vivendo literalmente em 1984, eu não acreditava em nada, eu não acreditava em ninguem, todos eram da segurança do estado, o movimento dissidente era uma sucursal do Minint aos meus olhos, ninguem era sincero e eu estava completamente sozinha no mundo.

Não tenho soluções, lhe disse, não tenho aspirações políticas, não tenho um partido, não pertenço a nenhuma instituição, e além disso não creio que faça falta para exercer minhas liberdades que alguem me represente; tãopouco considero necessário vestir minhas críticas sociais e minhas opiniões políticas de conceitos vanguardistas: meu blog não é arte nem pretende, é um simples blog, como milhões de blogs a mais por aí. Defendo meu direito de expressar o que penso e de criticar o que creio que está mal, meu direito de pensar diferente e por isso, o direito dos demais pensarem diferente tambem. Considero que no meu país as liberdades cidadãs não são respeitadas e digo, considero que não há democracia e o digo tambem. Não espero que seja suficiente: sou uma a mais que já se cansou, eu não sou responsavel pelo que o governo fez, tãopouco levo escrito além disso em meus olhos o "Futuro Melhor", por sorte. Não só não tenho a responsabilidade nem a obrigação, senão que não as quero: o que eu peço é liberdade para os que tem projetos melhores, mais democráticos, mais livres, menos excludentes e onde se respeitem melhor os direitos humanos do que o modo como estamos vivendo até agora.

Ela me disse que muitos países democráticos não eram exatamente um modelo a ser seguido por Cuba, não duvido, isso é claro. Ainda que a sociedade democrática não seja a sociedade perfeita, não há porque então assumir uma totalitária que, sem dúvidas, tãopouco o é. Por outro lado, não posso deixar de pensar que nestes cinquenta anos, houve muita gente com aspirações políticas que lamentavelmente terminou jogando sua vocação na latrina de um cárcere para presos comuns.

Sinto decepcionar todos os que busquem neste blog a resposta para a "Cuba Perfeita", aqui só encontrarão meu pequeno grito para que um dia possamos dizer "Cuba Plural", "Cuba com Direitos", "Cuba com Cidadãos Independentes" e "Cuba com Democracia".

O dilema da baratinha Martina


Foto: Lía Villares
Texto: La Salamandra Blanca

Neste dias me veio à mente o dilema da baratinha Martina, naquele conto que conhecemos desde pequenos, quando se perguntava: com essa moedinha o que comprarei? Essa pergunta é tão recorrente neste país, ainda que as vezes a resposta é tão obviamente prevalente que torna-se um desvario a possibilidade de pensar em algum "suposto luxo".

Esta associação com o conto surgiu conversando com alguns amigos, gente inteligente, com preparo e muita vontade de trabalhar, porém tristemente me dou conta que o pior é o desencanto que os cerca. Vêem chegar a idade onde, após anos estudando para uma carreira, não encontram um emprego onde desenvolver exatamente o que aprenderam, e inevitavelmente receber por ele as quantias irrisórias que não chegam a pagar nem sequer o elementar que lhes faria falta no mês. Isto se converte num desafio ao interesse de se viver neste país. Sem falar na acumulação de necessidades que vem herdada de pais que nada ou quase nada puderam fazer com seus respectivos salários em favor de cobrir carências, que nesta idade supõe-se que estejam resolvidas. Como para muitos pode ser ter uma casa minimamente adequada para viver.

Há quem talvez com muito esforço consegue juntar algum dinheiro, graças a trabalhos geralmente pela "esquerda", porque legalmente não se pode ter mais de um emprego. Então começa o debate de como utilizá-lo concretamente. Começa o dilema da baratinha Martina, o que fazer com quatro quilos a mais, não sabe se conserta um pouco a casa alheia ou se chegará para alugar um tempo e assim pode ter um pouco de privacidade para viver sua vida. Porque há muitos que vivem agregados com todas as gerações anteriores a eles e a casa paterna quase cai em cima, onde às vezes nem se tem espaço próprio.

Porém alguns não sabem se voltarão a ter a possibilidade de ter novamente essa soma para jogar fora num aluguel caro e decidem consertar um pouco a que talvez seja herdada, melhorando por sua vez a vida dos progenitores infelizes e antigamente crentes de um futuro melhor. Aí continua a contradição de alguns conhecidos, se começarem pelas janelas gastas, o banheiro antiquado, a cozinha desmantelada ou se compram um colchão para poder dormir comodamente com a parceira, com certeza deixando de lado o sonho de fazer descendência, dadas as condições de todo o tipo, apesar inclusive de terem talvez desejos e idade de serem pais.

Ao menos no caso da baratinha Martina a decisão era algo bem simples, a nossa tem outras implicações. Será que alguém acredita, todavia, que em Cuba é só o problema econômico que está marcando esta pequena mostra da grande lista de problemas, que cada um que reforça e decide dar solução ao seu modo e possibilidade? O que é a economia de um país senão a conseqüência de uma política de governo?

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Um caso estranho de amnésia?



Foto: Claudio Fuentes Madan

Parece que para alguns jornalistas oficiais, para os organizadores de eventos culturais dentro de Cuba, para os ministros , para os representantes de instituições e até para o "companheiro" Fidel, acomete um estranho mal. Este já tem cheiro de epidemia e comenta-se que ainda não tem cura, seu sintoma mais evidente é a incapacidade de pronunciar um nome: Yoani Sánchez.

De "ovelha desgarrada", "metida", até por ultimamente "A moça blogueira esta muito famosa", dito por Abel Prieto a propósito da intervenção de Yoani Sánchez na performance de Tania Bruguera, chamam a atenção. Será que o oficialismo não está capacitado para pronunciar nomes com Y? Isto é uma técnica da Segurança do Estado para minimizar Geração Y? Parece que a segurança não deu conta que pode estar colocando Ministros e Governo numa situação um pouco incômoda: ou estão completamente desinformados ou teem amnésia.

É uma pena que o Ministro da Cultura não só não recorde o nome de Yoani Sánchez, senão que tambem tenha esquecido de todos nós que falamos por esse microfone no domingo 29 de março as 8 da noite, refiro-me aos artistas, aos não artistas (como eu) e aos alheios a cultura (segundo nota oficial dos organizadores da bienal), aos que ainda não logrou identificar ( talvez se referissem à pomba).

Outra coisa interessante nas declarações de Abel Prieto:

"...pegou o microfone para fazer um discurso contra a revolução. Ela disse que a Internet era uma fenda na censura cubana."

Para mais abaixo acrescentar:

"O que pediu é algo que consideramos importante: criar um clima apropriado para a recepção deste tipo de arte..."

São sómente minhas impressões ou realmente há ambiguidade em suas palavras?

terça-feira, 7 de abril de 2009

Itinerário da segurança


Foto: Claudio Fuentes Madan

Todo dia batem na minha porta, várias vezes, diferentes representantes do Ministério da Saúde Pública. Antes eu sempre os deixava entrar, revistavam toda a casa, anotavam num livreto em mal estado a quantidade de ralos, de vasos espirituais, de cubas , de baldes, de vasos de flores e de qualquer coisa que pudesse conter água.

Com o tempo comecei a me aborrecer, é bastante desagradável que quatro pessoas diferentes num mesmo dia venham à casa de alguém para anotar exatamente o mesmo, dia após dia... durante anos. Assim foi que numa manhã, faz uns dois anos, levantei-me e disse: Acabou-se a desordem, nem um mais. Agora lhes digo do portal, as já sabidas informações: 5 ralos, dois vasos espirituais, 3 baldes de água, um refrigerador Haier, não há água acumulada, não tenho tanque. Quando se tornam muito chatos e ameaçam-me com uma multa (só ocorreu duas vezes) os esclareço dessa exigência de que entrem todos os dias 5 pessoas diferentes na minha casa, que isso não pode ser que não é seguro para mim etc., e se acalmam: eles devem sofrer o mesmo itinerário de estranhos em suas casas também. Quando querem revisar se há foco, mostro-lhes que sei perfeitamente identificar um foco e até lhes peço o abate (veneno para larvas de mosquitos), que disciplinadamente coloco em todos os ralos e na parte de trás do refrigerador.

Meses mais tarde descobri que com meu impulsivo “Nem um mais”, havia tomado uma das sábias decisões não consensuais que a gente vai impondo na base de comentários: Os ladrões se disfarçam e assaltam a gente que lhes abre a porta e os deixa entrar; os rapazes dos mosquitos (assim os chamam), estão fazendo o Serviço Militar, anotam tudo o que tens, para depois informar à segurança e se vêem algo subversivo (livros, revistas, etc.) em seguida o levam; quando da “Operação Windows”, lá pelo ano de 2003, a maioria dos computadores que confiscaram foi através dos informes do Ministério da Saúde Pública.

Não tenho nem idéia da veracidade destes comentários, porém se a segurança do estado quer recensear os conteúdos de nossas casas, que venham eles mesmo com a ordem, de qualquer modo, tem poder de sobra para isto (o melhor é que não tem orçamento para fazê-lo em nível nacional).

sábado, 4 de abril de 2009

Brincadeiras na Faculdade de Matemática



Foto: Claudio fuentes Madan

Isto me chega via .cu. Além do engraçado que possa resultar, considero que é um exemplo do que sucede quando na Universidade de Havana matérias como Reflexões do Companheiro Fidel andam a par com as da especialidade.

Relato:

Na semana passada comprei um produto que custou $158. Dei à caixa $200 e busquei no bolso $8 para evitar receber moedas. A caixa pegou o dinheiro e ficou olhando a máquina registradora, aparentemente sem saber o que fazer. Tentei explicar-lhe que ela tinha que me dar $50 de troco, porém ela não se convenceu e chamou o gerente para que a ajudasse. Tinha lágrimas nos olhos enquanto que o gerente tentava explicar e ela aparentemente continuava sem entender.

Por que lhes estou contando isso?
Porque me dei conta da evolução do ensino de matemática desde 1950, que foi assim:

1.Ensino de matemática em 1950:

Um cortador de lenha vende um carro de lenha por $100,00. O custo de produção deste carro de lenha é igual a 4/5 do preço da venda. Qual é o lucro?

2.Ensino de matemática em 1970:

Um cortador de lenha vende um carro de lenha por $100,00. O custo de produção deste carro de lenha é igual a 80% do preço de venda. Qual é o lucro?
3.Ensino de matemática em 1980:

Um cortador de lenha vende um carro de lenha por $100,00. O custo de produção deste carro de lenha é de $80,00. Qual é o lucro?

4.Ensino de matemática em 1990:

Um cortador de lenha vende um carro de lenha por $100,00. O custo de produção deste carro de lenha é de $80,00. Escolha a resposta correta, que indica o lucro:
( ) $20,00 ( ) $40,00 ( ) $60,00 ( ) $80,00 ( ) $100,00

5.Ensino de matamática em 2000:

Um cortador de lenha vende um carro de lenha por $100,00. O custo de produção deste carro é de $80,00. O Lucro é de $20,00.

Está certo?
( ) sim ( ) não

6.Ensino de matemática em 2008:

Um cortador de lenha vende um carro de lenha por $100,00. O custo de produção deste carro de lenha é de $80,00. Se você sabe ler coloque um X nos $20,00.

( ) 20,00 ( ) 40,00 ( ) $60,00 ( ) $80,00 ( ) $100,00

E de conto NÃO TEM NADA

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Não vivas na mentira*



Lendo esta *carta que Alexander Solzhenitzin escreveu para a União de Escritores da URSS, sinto-me um pouco mal porque incorri, em diferentes momentos da minha vida, em todos e em cada um de seus enunciados, que reproduzo abaixo. Não obstante, trato cada dia de escapar um pouco mais, de cravar agulhas na minha bolha de medo, de sentir-me mais livre, de ser cada vez mais independente do sistema.

O primeiro é o que mais gosto: é minha meta e solto uma gargalhada de ironia cada vez que o leio. Se o adoto, posso renunciar por completo a graduação na Universidade de Havana. Recordo perfeitamente minha pergunta número 5 de Filosofia e Sociedade II: "Argumente porque a Batalha de Ideias representa um motor intelectual para a cultura revolucionária". escrevi meia página, empenhei-me- para que não aparecessem os seguintes têrmos: batalha de ideias, revolucionária e revolução, falei da cultura como instrumento da sociedade para evitar a alienação e da arte como não sei o que. Obtive o máximo.

-Abster-se totalmente de escrever, subscrever ou imprimir uma só frase que contenha opiniões falseadoras da verdade.

- Não pronunciar tais frases nem em conversações privadas, nem em dissertações públicas; nem de motu proprio nem por meio de notas; nem na qualidade de agitador, nem de professor, nem de preceptor, nem em representações teatrais.

-Não manifestar, nem corroborar, nem comunicar, seja mediante pintura, escultura, fotografia, técnica ou musicalmente, nem um só pensamento falso, nem uma só alteração da verdade que salte aos olhos.

Não citar de viva voz, nem em correspondência, nem num artigo de fundo, para agradar alguem ou para manter-se num posto de trabalho ou alcançar êxito no mesmo, determinados juízos de autores, quando não compartilhe plenamente das opiniões expressadas neles, ou quando não se adequem estes ao que aqui se expõe.

-Negar-se a assistir, por força, uma manifestação ou comício, se este contraria a vontade própria. Não aceitar em mãos, nem divulgar, bandeiras ou palavras de ordem que não condigam com a verdade.

-Não levantar a mão para votar a favor de propostas com as não se esteja sinceramente de acôrdo; não votar, nem aberta nem sub-repticiamente, em pessoas que se considere indignas ou suspeitas.

-Não concordar em intervir em assembléias, onde se suspeite que vão submeter a discussão certas propostas, de forma coerciva e falaciosa.

-Abandonar no mesmo instante toda reunião, assembléia, conferência, espetáculo ou sessão cinematográfica, na qual o orador só profira mentiras, disparates ideológicos ou propaganda descarada.

-Não subscrever nem comprar números avulsos de revistas ou jornais nos quais a informação esteja falsamente construida ou se escamoteiem feitos fundamentais.