sábado, 17 de julho de 2010

Tristes Rodovias


Foto: Claudio Fuentes Madan

Mulher prática que sou, pensei em aproveitar minha viagem à Santa Clara para comprar na rodovia os produtos que na Capital custa muito para se conseguir ou têm um preço muito alto. Desde pequena recordo os camponeses vendendo na beira do caminho, eles mesmos semeiam ou criam, comerciando as mercadorias diretamente com os viajantes.

Surpreendeu-me a falta de vendedores ambulantes por kilômetros e kilômetros, esses camponeses têm uma economia muito precária e custa acreditar que a polícia se dedique a castigá-los por negociarem aquilo que brota das suas próprias mãos. Em casas de madeira e com suas vaquinhas recenseadas, com a venda de umas libras de queijo conseguem alimentar suas famílias por alguns dias.

Ainda restam alguns, dificilmente somam uma vintena ao longo dos kilômetros que separam Havana de Santa Clara. Temerosos, quando o carro para, acercam-se com cautela, pois a PNR os caça fazendo-se passar por cliente.

O rapaz com quem finalmente pude comprar queijo não chegava aos 25 anos, com certeza. Perguntei-lhe o que acontecia quando os pegavam: eles fogem a toda velocidade, tratam de salvar ao menos alguma mercadoria, e os policiais correm atrás deles floresta adentro.

-Correm atrás floresta adentro?

Dá trabalho levar a sério a imagem ridícula de um uniformizado correndo atrás de um campones pelo matagal, para confiscar-lhe vinte bananas. Como não ia fazer uma dissertação para o pobre rapaz, simplesmente lhe paguei e fui-me, porém a ideia me dá voltas na cabeça: Não há um milhão de pessoas improdutivas ganhando salários segundo o general Raúl Castro? Por que não começam a desmobilizar estes empregos predadores da economia familiar e permitem que os camponeses vendam seus produtos onde queiram?

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