sexta-feira, 13 de março de 2009

Diferentes formas de viver a vida


Foto: Com o grupo Omni-Zona Franca antes de uma leitura de poesia.

Enquanto nós estudamos os códigos html, aprendemos a postar, nos reunimos para compartilhar experiências, nos apoiamos mutuamente frente a problemas tecnológicos e compartilhamos nossos espaços; eles, estranha maneira de serem felizes, insultam todos na web, escrevem textos cheios de mentiras, ofendem sem dar a cara e criam o caos por onde passam.

Enquanto Yoani Sánchez configura a nova plataforma "Voces cubanas" (com a fé das pessoas boas e inteligentes, que pensam que seus adversários "estão a altura do conflito"*), para oferecer um espaço não bloqueado e livre de censura para todos os blogueiros alternativos do país; eles se dedicam a hackear e desfazer seu trabalho, sem um mínimo de vergonha, numa espécie de pirraça infantil de menino malcriado no primeiro dia de escola, que não entende que estudar é, simplesmente, inevitável. Quando ela desce e sobe 14 andares todos os dias para ir conectar-se na Internet, escreve artigos, redige posts, organiza reuniões culturais ou itinerários blogueiros; eles ganham a vida com os fundilhos sobre o muro em frente a sua casa ou seguindo-lhe por toda Havana.

Enquanto que a comunidade blogueira cubana e internacional se une e organiza um concurso para motivar o blogueio livre dentro da Ilha, nós, blogueiros e não blogueiros, participamos de atividades culturais alternativas, ou expressamos nossa solidariedade com aqueles que foram censurados, encarcerados ou (sofreram) qualquer tipo de evento repressivo; eles seguram os microfones, intervem nos telefones, acusam as pessoas, perseguem, intimidam, gritam, ameaçam, insultam e chantageam.

Porém o melhor de tudo é que enquanto nós nos divertimos, eles demonstram que não tem um mínimo senso de humor. Enquanto nós conhecemos, ampliamos nossa voz, nossos horizontes e abrimos os olhos, eles os fecham e nos odeiam. Enquanto nós somos livres, eles trabalham no cárcere. Enquanto Yoani é multi premiada, reconhecida no mundo inteiro e um orgulho para sua família; eles continuam sendo os agentes cinza, os sem rosto, os que nunca poderão contar à seus filhos a verdadeira história de suas vidas.

*tirado de uma canção de Fito Paez: Me gusta estar al lado del camino.

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