domingo, 19 de julho de 2009

Civilidade



Exigir que seja civilizada uma sociedade que, com o apoio dos estado, fomenta a criação de brigadas de resposta rápida, é um pouco delirante. Por isso, as vezes, quando vejo o estado de alteração que as pessoas ao meu redor apresentam, trato de respirar fundo e dizer-me, parafraseando Iván: eles não são o inimigo_e eu tampouco.

Isso dizemos de brincadeira entre nós, e de brincadeira também me contaram outro dia esta triste história. Eu sou das que mantêem o humor como recurso "máximo" frente ao que for, tenho Fé no riso para me limpar das más sensações e que me deixa, as vezes, sair à rua e lidar com meu dia a dia.

O conto é simples: faz uns dois anos desfrutávamos das delirantes intervenções do comandante na Mesa Redonda. Porém as vezes, misteriosas desaparições criavam suposições entre nós (como agora quando não atualiza o blog durante muitos dias). Num desses impasses, um amigo de Julio (jogador profissional de dominó) morreu, o homem se chamava Fidel.

Um dos jogadores foi à casa de Julio para dar-lhe a notícia, como vive no terceiro piso gritou da calçada:

-Julio! Já sabes? Fidel morreu.

Porém o vizinho de cima do Julio nem jogava dominó nem conhecia "esse" Fidel, assim pensou que se tratava do "outro". Foi diretamente ao seu quarto, pegou seu bastão de baseball, desceu até a casa do presidente do CDR e lhe arrebentou a cabeça.

Lamentavelmente este temor que eu tenho pude comprovar que quase ninguém tem. Oxalá e quando chegue esse dia que todos esperamos com maior ou menor ânsia, com mais ou menos Fé, com mais ou menos apreensão, não ocorra a nenhum jogador partir a cabeça de ninguém.

Nota do tradutor:

CDR- Comitê de Defesa da Revolução, onipresente organização existente em cada quarteirão, da qual cada cubano depende para os atos básicos da vida civil. Dedica-se, principalmente, a vigiar os habitantes da sua área de atuação.

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