sexta-feira, 17 de julho de 2009

Pseudossurealismo cotidiano ou atenção com o cliente


Collage: Lía Villares

Vou à 23 com 16 (ruas) comprar cachorro-quente. Chego e não há mesas fora, como de qualquer maneira é para levar, entro e sento-me numa das de dentro.
Depois de cinco minutos passa uma das garçonetes e me diz enquanto olha para o bar:

-Mmmmm

Evidentemente não entendi, logo, permaneci obediente no meu lugar esperando. Então a garota do balcão me chama:

-Pssssssss

Levanto-me e caminho até onde está, estranhamente não me dirige a palavra, senão que continua comentando algo incompreensível com outra das garçonetes, esta última a escutava ao mesmo tempo que cantarolava uma canção que soava na televisão. Subitamente me olha, tira um papelzinho rasgado e me diz:

-Quantos?
-Dois.

Pago e anota algo estranho no papel, depois me entrega e aponta a cozinha:

-Entrega ao feio.

O feio era o cozinheiro. atravesso o local até a janelinha da cozinha e lhe dou o papel. Volto à minha mesa, ainda vazia e sento para esperar. No momento dou conta que há dois cachorros-quentes num prato colocado na janelinha, o rapaz me faz sinal do fogão para que os pegue.

Levanto-me de novo e os pego, volto à mesa para guardá-los e percebo que não há mostarda nem ketchup, não havia tampouco em nenhuma das mesas vazias. Nessas alturas já havia compreendido que não podia contar com o pessoal de serviço. Com um pouco de aflição chego numa das mesas ocupadas e pergunto se posso utilizar as deles. Como aparentemente isso era normal, disseram-me que sim com muita tranquilidade, coloquei um pouco em meus cachorros e fui-me.

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