sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Com licença senhor, posso publicar que o senhor foi preso?

Foto: Claudio Fuentes Madan

O título parece absurdo, porém asseguro de todo o coração que é o que muitos esperavam de mim. Comecei este blog para escrever o que me desse vontade, para contar as coisas que ocorriam ao meu redor, para compartilhar um espaço no cyber-espaço e me sentir livre ainda que fosse um texto de quinhentas palavras. Não sei porque as vezes me parece que com o passar do tempo minhas razões parecem haver-se esquecidas, para mim contudo - que sou a escritora - continuam sendo as mesmas, com certeza.

Como tudo redunda tão raro neste lugar em que o destino me fez nascer, não sou - repito como um papagaio, que não pensem que estou me achando muita coisa ou que estou promovendo títulos que não possuo - nem jornalista nem escritora. Sou blogueira e não tenho culpa de que no meu blog a Cuba real seja mais real do que no Granma Internacional. Além dos que se formaram em jornalismo, ou os que sejam jornalistas - que não é a mesma coisa - e arranquem pedrinhas do muro da censura estatal, certamente não é o meu caso.

Para dar um pouco de coerência à esta espécie de declaração de princípios Octavo Cerco que estou fazendo, ilustrarei com uma pequena história - que não importa se é real ou não porque não é uma notícia, é um exemplo: imagine que você tem um blog em que escreve sobre o mundo que o rodeia, e um dia um leitor lhe bate na porta e diz: vim dizer-te que talvez hoje eu seja detido pela Segurança do Estado, porém, por favor, não o publiques.

Tenho ou não tenho que ter muito controle para não enlouquecer nesta Havana de psiquiatria? Se você não está preso ou dependendo do caso não queres que se saiba, se não está fazendo nada "conflitivo" e se considera um "integrado"...Porque vem bater na minha porta ? Este é um pequeno exemplo, porém posso assegurar que tenho outros mais pitorescos.

Sendo assim decidí colocar os pingos nos is:

-Faço este blog sozinha, sob minha absoluta responsabilidade como é lógico.
-É uma visão pessoal e subjetiva da maneira que vejo e vivo em meu país.
-Sobre os atos de injustiça, de abuso de poder e de restrições sobre as liberdades dos indivíduos, sinto-me no dever - comigo mesma - de publicá-los e comentá-los da minha visão.
-Não existe razão externa que possa me fazer duvidar de dar uma opinião, de criticar o que considero incorreto ou de elogiar o que gosto.
-Não devo à ninguém e a censura contra a qual luto no dia a dia é a autocensura (que é muito perigosa).
-A informação não pertence a ninguém, todos temos o direito a ela e por isso luto.

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