quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Festival de Poesia sem Fim


Entre poesia, risos, música, café e chá passei minha tarde de segunda-feira 15 de dezembro, inauguração do festival de Poesia sem Fim. Não pôde - por censura institucional - ser na casa de cultura de Alamar, onde normalmente se realizam leituras. Não obstante a casa de David, um dos membros do grupo Omni-Zona-Franca, recebeu os poetas e os admiradores da poesia.

Micro Diez em Alamar poderia num primeiro olhar parecer horrivel, existem lugares em Havana muito difíceis de serem permutados: Alamar e El Reparto Eléctrico. Porém hoje saí com a certeza absoluta de que, no fundo, Alamar não está tão mal: o que falta em estética `a pequena cidade sobra em criatividade e solidariedade a seus vizinhos.

Poderia pegar feliz em cada dia da minha vida um P11 (ônibus) só pelas leituras do poeta Manuel González Busto e sonhar durante meia hora que eu sou Gissele, a musa holandesa à quem dirige suas cartas; para escutar Francis Sánchez e aspirar a apreender em seus versos a história de Ciego de Ávila, para gritar: Quero Amor! Nos coros de David, e para fechar os olhos quando Amaury Pacheco toca os sinos.

Porém acima de todas essas coisas - no final não posso negar que ler sob lanterna é formidável - quero viver num bairro onde os vizinhos, quando forem convocados para participarem de um comício de repúdio oponham-se a fazê-lo, onde discutam e argumentem com a delegada as razões da negativa, como fizeram nessa tarde os vizinhos de David. Essa é a Cuba na qual quero viver, a que me nego a deixar de imaginar, a que um dia - sem dúvida alguma - não só se comprometerá com a poesia, senão também com todas as outras liberdades - talvez mais profanas - as que aspiro como ser humano.







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