sábado, 5 de dezembro de 2009

Regina


Foto: Aulas de Vallin na academia, matéria: direito.

Conheci a Regina quando me abriu a porta de sua casa as 11 da noite. Eu chegava com uma missão: consertar o computador do seu marido, o escritor Rafael Alcides. Estava disposta a formatar e reinstalar o Windows, porém o sistema estava num disco de 5G defeituoso, o drive do cd não funcionava e as portas externas não reconheciam nada. Não me restou outro remédio senão que pendurar as chuteiras e dar "o morto" ao Ciro. Terminamos as cinco da manhã.

As longas horas em que estive deitada no chão entre cabos e pedaços de motherboard me serviram para conhecer toda a família. Lembro como um sarau maravilhoso e espero que se repita sem que uma máquina quebrada sirva de intermediária.

Alcides e Regina não têm telefone. cada vez que quero dizer-lhes algo tenho que viajar pata trás no tempo e lembrar que à pequena casinha do Novo Vedado ainda não chega nenhum cabo de telecomunicações. Um dia destes lhes mandarei um telegrama, para provar.

Regina quis fazer um blog. Com seu servidor de Worpress offline aprendeu na academia a colocar um banner, publicar posts e inserir fotos e links. La Mala Letra, seu blog, viu finalmente a luz do ciberespaço em 11 de novembro. Deixo aqui um pequeno parágrafo do blog de uma mulher que, já com Internet, senão sem telefone sequer, encontrou a forma de expressar-se na web 2.0:

"Há tempos pensava em escrever, porém a percepção de não ser nada, de ter uma opinião irrelevante, salvo entre meus amigos e familiares, e sobretudo, de não poder influir nos acontecimentos, faziam que desistisse uma vez ou outra. Desde que me decidí vejo sinais em quase tudo, e nesse sentido o artigo-ensaio "Por que blogueio?" de Andrew Sullivan, veio a ser um tipo de iluminação. Como vivo em Cuba sorrio ao ler que Sullivan atualiza seu blog várias vezes ao dia. Com muito otimismo poderei fazê-lo duas vezes por semana. Nunca vi um blog pessoalmente, a Internet me foi apresentada fazem seis meses e de maneira fugaz, sendo assim corro o risco de estar sendo repetitiva, porém se entendi bem, não importa: se ajudo alguém ou alguém me ajuda, estou fazendo amigos, ou ao menos, leitores."



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