terça-feira, 4 de agosto de 2009

Inflexíveis em seus princípios e sua dignidade


Foto: Campo de tiro

Dividir discos pela rua G já não faz parte das minhas noites de verão. Sou um pouco difícil assim é que quase não falo e entrego o disco em silêncio e tratando de não interromper as conversas. Não sou a única que divide: vão pessoas das igrejas, promotores de festas techno, criadores de fanzines de Rock e jovens pesquisadores de opinião (parece-me que todos juntos formamos uma boa fauna, pouco monolítica, todos juntos).

Meu disco se chama Vozes Cubanas e quase sempre as pessoas pensam que é música. Porém ontem a noite um frikie acreditou que era um disco de canções religiosas, destruiu-o com as mãos e o pisoteou várias vezes com as botas, fragmentos de plástico pularam ao redor. Para meus amigos pegou mal porém eu no início rí muito ao ver alguém comportar-se dessa maneira com um meio de informação, imagino que a repressão lhe dê os mesmos impulsos para todas as memórias flash, cartões de memória, os HDs externos e os CDs. Um deles voltou para verificar o que era que havia sido quebrado, dissemos-lhe: Não te preocupes, Deus te ama.

Ficaram um pouco apatetados e nós ríamos a gargalhadas, nunca entenderam nada. Semelhante atitude ante as pessoas que acreditam em Deus é vergonhosa e bastante típica da política de fibrocimento. Com certeza gostaria de saber se esse homem mantem uma atitude tão agressiva quando seu presidente do CDR bate à sua porta para exigir-lhe o pagamento anual da organização, se quando estudava negou-se com a mesma firmeza a cortar o cabelo, se alguma vez deu o passo à frente ante um abuso de autoridade da polícia, se rasga as faixas que por toda a G lhe dizem que deixe de "vadiar" e se ponha a "trabalhar", se alguma vez foi capaz de marcar sua inconformidade com o sistema.

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