terça-feira, 11 de agosto de 2009

Outra geração


Imagem: Grafiti em Centro Havana

W tem 16 anos e sempre está na G (rua). Gosto de falar com ele porque me enche de uma sensação de MUDANÇA que não posso encontrar em nenhum outro lugar deste território. Não me faz lembrar quando eu tinha 16 como ele, nem se parece com nenhum dos meus amigos daquela época, nele há algo de que nós não tínhamos consciência.

Já sei que a palavra soa um pouco "batida", porém não há outra para definir um rapaz tão jovem que já crê saber o que quer fazer com sua vida, e luta para conseguí-lo. Não quer sair do país e sem medo toca as canções dos Los Aldeanos, Porno Para Ricardo e La Babosa Azul em pequenos grupos pelo parque. Tem ideias políticas muito interessantes e diz coisas que me parecem delirantes quando me dou conta de que tenho quase o dobro da sua idade. W chegou a tres conclusões:

-Não quer se ir do país: "Que se vão eles, que são uns velhos", diz sem saber que segundo contam por aí, umas quantas décadas antes quase as mesmas palavras disse Dulce María Loynaz numa entrevista: "Que se vão eles, que chegaram depois".
-Lê tudo que lhe dão na G: panfletos, discos e livros. Diz que para poder saber o que há no poder há que ler tudo, outro dia me repreendeu porque lhe disse que não leria "A história me absolverá" nem que me pagassem.
-Está convencido, igual a todos os seus amigos, de que não fica calado e de que se "pode empurrar o muro".

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