terça-feira, 2 de março de 2010

Apartheid na Mostra de Jovens Realizadores (vídeo)



Nota: Antes da morte de Orlando Zapata Tamayo havia escrito este texto sobre as conversações acerca do tema migratório entre Cuba e os Estados Unidos. Havia decidido não publicá-lo porque tem chovido muito e coisas horrendas tem acontecido. Contudo, durante a Mostra de Jovens realizadores - na qual várias pessoas tiveram a entrada vetada - um da zombaria (bastante desinformado por certo) trouxe o tema à luz, assim decidi revelar meu texto também. Além disso deixo o vídeo que, sem que eu soubesse, uma pessoa fez durante minha Não-Entrada na Mostra.

A Idiotice e o Sentimentalismo

Não encontro melhor qualificativo para as declarações do MINREX a propósito das conversações sobre o tema migratório que foi mantido entre funcionários dos governos de Havana e Estados Unidos. A nota do Granma, muito desinformativa com certeza, não diz nada sobre os acordos havidos ou não. As palavras "civilizadamente, espírito de cooperação e diálogo" são repetidas hora sim, hora não. Porém posso ver com tristeza que não há uma só alusão a algo concreto...No que ficou senhores? Reuniram-se, dialogaram, tremenda conectividade espiritual, etcétera, e então o que há de novo? Aconteceu alguma coisa? Algum peão foi movido? Firmaram algum acordo? Parece que não.

Para colocar o dedo na ferida, a nota dá um giro informativo de 360 graus e se põe a falar da reunião que, no dia seguinte, os membros do governo norteamericano mantiveram com alguns representantes da sociedade civil e da oposição cubana. Que me desculpe o Ministério das Relações Exteriores, porém que me importa o que a delegação fez no dia seguinte da reunião? A notícia, sinceramente, parece mais digna da revista HOLA que de uma nota do MINREX.

Se para a primeira reunião - lamentavelmente da qual dependem os direitos cidadãos em temas de emigração - houvessem sido convidados aqueles dissidentes que tanto escandalizam o governo, e houvessem participado das conversações oficiais; com certeza as notícias hoje seriam mais realistas e os acordos ou os desacordos teriam nomes e sobrenomes.

O fato de que o governo cubano não seja capaz de assumir com coerência e maturidade um diálogo que vise normalizar as relações entre EE.UU e Cuba, não lhe dá o direito então de ficar tagarelando e metendo-se na vida dos outros para justificar o injustificavel: a ineficácia de sua gestão.

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