domingo, 2 de agosto de 2009

O que acontece (ou não acontece) na Universidade de Havana?


Imagem: Pueblo Viejo, da série Cartazes e murais UMAP, Hamlet Labastida

Um professor da universidade de La Habana comentou comigo que vieram membros do Ministério da Educação e quadros do partido para reunirem-se com eles. Parece que a atitude "combativa" dos estudantes deixa muito a desejar.

O único exemplo concreto são as bolsas oferecidas pelo Escritório de Interêsses para estudo nos Estados Unidos: "aspirar à bolsa denota, pelo menos, uma inconsistência ideológica inadmissível, ainda mais grave no caso daqueles estudantes selecionados pelo Escritório de Interêsses dos Estados Unidos (SINA) que mantiveram sua decisão mesmo depois da discussão política argumentada que se manteve com eles."

A frase me transporta à uma aula sem ar condicionado na Colina a 1 da tarde: uns "combatentes" de 60 anos tratam de convencer uns rapazes de 23 para não viajarem por um mes para Washington DC com o fim de estudar história porque isso é "mau". O triste é que depois de não poder convencê-los, papai estado lhes negou o visto. Com certeza essa não é a única razão concreta para que o partido inclua em seu informe esta frase: "É necessário estremecer o sistema de educação superior, persuadir e convencer seus quadros, professores, estudantes e trabalhadores do risco que a Revolução corre" (...); contudo é lembrado aqui em Havana que a União da Juventude Comunista (UJC) não foi capaz de fazer com que seus membros gritassem obscenidades às Damas de Branco na escadaria durante seu desfile, que em Santiago de Cuba a Universidade esteve tres dias fechada por um movimento estudantil auto intitulado "Soma-te e não sobressaias", e que Eliéser Avila, da Universidade de Ciência da Informação, conseguiu que Alarcón* fizesse um "Discovery Channel" sobre a contaminação dos céus.

O documento de trabalho discutido intitula-se "REORDENAMENTO DO TRABALHO POLÍTICO-IDEOLÓGICO NAS UNIVERSIDADES" e incluiu nas suas densas seis páginas uma pequena lista: Ideias chaves para o trabalho educativo e político-ideológico. Pensava fazer um post sobre alguns dos tópicos do documento, porém é muito grande e genérico (típico dos panfletos do PCC) por isso decidí colocá-lo aqui para os interessados.

Nota do tradutor:

Numa reunião de portas fechadas entre Ricardo Alarcón, Presidente da Assembléia do Povo, e estudantes da Universidade das Ciências da Informação, um representante estudantil, Eliéser Avila, colocou uma série de questões que foram gravadas num vídeo não oficial e depois disponibilizado para todo o mundo. Somando-se questões como a falta de acesso a Internet para os cubanos e o porque de uma escova de dentes custar o salário de 2-3 dias de trabalho, Alarcón foi perguntado sobre as restricões para viajar. Ele retrucou que se cada um em Cuba decidisse viajar haveriam muitos aviões no céu e eles poderiam colidir uns contra os outros e cair.

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