quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O tamborete

Foto: Claudio Fuentes Madan

Nunca participei de uma reunião da juventude e muito menos de uma do partido. Com certeza posso imaginar as caras, o ambiente, o ar e as intervenções de muitos dos presentes. Desde que nasci quase toda minha família vivia de reunião do núcleo em reunião do núcleo.

Na época dos cartazes "O Partido é imortal" por toda a cidade, os militantes começaram a chamar suas reuniões "del Imortal". Acostumei-me a escutar frases como "Não posso te ver esta tarde, reúne-se o Imortal'. Pela cara das pessoas se deduzia que aquilo era o mais chato do universo, suponho como que uma assembléia de grupo na escola secundária multiplicada por um milhão.

Uma dessas amigas contribuintes da Imortalidade, lá pela época do Elían, ainda assim levantava a mão e mandava suas "críticas construtivas de dentro" - consta que já abandonou o longo caminho da Eternidade. Nesse dia, como de costume por aqueles dias, falava-se do caso do menino. Minha amiga levantou a mão:

-O comandante quando fala da escola de Élian González menciona sua carteira. Será que ninguém se dá conta de que Élian senta-se numa mesa? Porque não podemos corrigir esse erro do Comandante, e como esse, muitos mais?

Um dos presentes levantou-se com firmeza e sem esperar sua vez desafiou-a:

-Companheira, saiba você que Fidel disse tamborete...eu digo TAMBORETE!

A reunião acabou sem maiores consequências, porém desde então o homem é popularmente conhecido no núcleo do partido como "O TAMBORETE".

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