Minha melhor terapia para começar o dia de bom humor - eu tenho humor negro, sendo assim isto não deve ser tomado como conselho - é ligar a televisão as sete e meia da manhã e assistir a meia hora da Universidade para Todos. Meu curso preferido, que não sei como realmente se chama, é sobre política e atualidade internacional.
Na semana passada o tema esteve quente: o Oriente Médio. Suponho que os pobres professores tenham preparado as aulas durante horas, levando em consideração os jogos semânticos e os malabarismos sintáxicos que saíam pelos auto-falantes da televisão. Começaram pelo Iraque, lá havia resistência e contrarrevolução, assim não consigo recordar quem era quem e em qual momento. Porém o melhor e mais confuso da aula foi quando chegaram ao Afeganistão:
-A contrarrevolução afegã, apoiada - com certeza, quem duvidaria? - pela CIA, se negava a deixar triunfar a revolução socialista que a União Soviética amavelmente queria introduzir.
-Mais adiante estes contrarrevolucionários, conhecidos também como talibãs, tomaram o controle do país e criaram seu próprio governo.
-Todavia, apesar de serem talibãs e contrarrevolucionários, conseguiram estabilidade e paz no país (e agora é quando se torna incoerente de verdade, com vocês a melhor parte):
-De algum modo desconhecido a contrarrevolução transformou-se em resistência armada e cívica durante a intervenção imperialista norteamericana, que destruiu a paz e submergiu a população na miséria.
Além da complexa e extremamente triste situação do povo afegão, a manipulação dos termos - intervenção imperialista norteamericana vs. revolução socialista e contrarrevolução vs. resistência - evidenciam a qualidade das aulas televisadas, a grosseira manobra de desinformação "disfarçada de cultura" com que o governo cubano bombeia 24 horas por dia os meios de difusão de massa.
Sem problemas porque estou vacinada, eu acho graça. A única pergunta que tão ambígua conferência despertou em mim foi: Que razão esconde o PCC para tirar a toalha (como numa luta de boxe) dos russos depois de tantos anos?
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