quarta-feira, 14 de julho de 2010

Quem não entende nada sou eu


"Não creias, não temas, não supliques"
Alexander Solzhenitsyn

Os últimos dias têm sido vertiginosos, marcados pela alegria e a incerteza. Não me despedi de Pablo Pacheco porque o tiraram do país as escondidas, não consegui falar com Pedro Argüelles e ainda tenho gravada nos meus olhos a imagem de Fariñas, congelada no instante em que uma careta no seu rosto provava que, para ele, um gole de líquido é A Dor.

Estive um pouco desconectada, correndo de um lado para o outro, de Pinar del Río até Santa Clara, inteirando-me de todos os acontecimentos graças ao fluxo de sms que alguns amigos têm conseguido nos manter. Ví muita gente com fé em que algum dia viveremos num país livre, fiquei impressionada pela rede solidária nas cercanias do hospital onde Coco está: uma vintena de amigos leais e seus companheiros, velam com fervor os altos e baixos de sua saúde, orientam os distraídos - como eu - que chegam tres horas antes da visita, oferecem tudo o que têm, e isso é quase nada. Lamentei sinceramente que nenhum jornalista tenha tido o trabalho até agora, de falar com essas pessoas que desde há quatro meses cuidam em silêncio da vida do homem mais livre de Cuba.

As vezes torna-se desestabilizador ver tanto arrojo e bondade em pessoas como a mãe de Fariñas e tanta indolência e hipocrisia em artigos como este. Há vezes em que é preferível não se conectar a Internet.

Aborrece-me muito, muitíssimo, sentir o escamoteio das vozes da sociedade civil em termos de uma política tão oportunista acerca do que vivemos hoje no meu país: a libertação dos inocentes. Em qual momento da história o diálogo foi entre a Igreja e o governo cubano, ficando Moratinos como mediador? Quando serão libertados os prisioneiros que querem viver em Cuba? Por que no aeroporto internacional os "livres" não entraram no avião como o resto dos passageiros? Se poderão entrar em Cuba quando quiserem, por que não lhes foi possível, agora, dizer adeus aos seus amigos nem tomarem um café em suas casas antes de sairem da ilha.

Hoje vi pela primeira vez o rosto de Paneque numa foto da Internet, meus sentimentos são inenarráveis, este texto torna-se-ia absurdo se me deixasse levar pelas minhas interrogações. Dói-me dizê-lo, porém até agora só uma palavra define o logro deste diálogo sui generis que exclui os protagonistas e vítimas de uma das partes: Desterro.

Quando ao menos um dos ex-prisioneiros de consciência libertados em Madrid colocar seus pés em Cuba de visita, quando Pedro Argüelles, Eduardo Díaz e Regis Iglesias estiverem em suas casas, quando os laicos Dagoberto Valdés e Osvaldo Payá sejam convidados às negociações entre o governo e a Igreja Católica, e possam opinar em igualdade de condições, então estaremos no Diálogo; até este momento só falamos de concessões, conveniências e saídas de emergência.

2 comentários:

Jambalaia disse...

Devido ao forte controle da informação, percebe-se que não existe ninguém seja do PCC ou qualquer outra organização a comentar sobre a libertação das pessoas presas sem uma acusação aceitável.

Os irmãos Castro parecem querer dar a impressão que apenas eles é que decidem sobre os prisioneiros e ninguém mais.

Lógico que deve acontecer em Cuba diversos comentários elogiando a expulsão dos prisioneiros.

Infelizmente teremos que esperar a morte biológica destes falsos militares, para que possa haver em Cuba alguma mudança mais palatável.

Anônimo disse...

Por que uma simples blogueira não pode sair de Cuba para receber um prêmio,mas um Reitor da Universidade de Havana,super/hiper-qualificado,pode estar no Brasil?Ele faz mais falta em Cuba que investiu tanto nele,não?Por que Aleido Diaz Guerra não é devolvido como foram os lutadores?O que ele faz no Brasil com as bênçãos do ditador Fidel?Preciso saber como Aleido Guerra veio e permanece aqui e donde tira tanto dinheiro para vir para Santa Catarina e desfilar em SUV importada com placa de Cuiabá/MT/BR?Quem é a mulher que se apresentou aqui como mulher dele,mas que tinha marido em Cuiabá?Qual é o esquema evolvendo Aleido e a brasileira Ivone Guimarães?Foi arranjo para facilitar a permanência do Aledio,inclusive trabalhando supostamente legalmente?
Já perguntei pra Yoani Sánchez e não respondeu.É impossível que ela não saiba quem é Aledio diaz Guerra,logo um pexie grande da Universidade de Havana.Cuba é muito pequena para não saber quem ele é.



Lia¬¬