quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O DSI e os visitadores



Foto: Claudio Fuentes Madan

Lembro-me das visitadoras de Pantaleão e não posso evitar de notar uma relação entre as novas ocupações dos seguranças e o nome da novela de Mario Vargas Llosa. Em menos de duas semanas quase todos os meus amigos foram "visitados". Os "encontros" variaram em seu grau de formalidade - não de legalidade, visto que os orgãos de segurança do estado não se regem pela legislação vigente para o resto dos mortais - e vão da Citação Oficial sem explicação prévia, passando pelo sequestro e chegando ao recadinho desconcertante: "Faça-me o favor, diga-lhe que passe por aqui".

Por sorte minhas amizades reagem com calma, alguns até com um tremendo senso de humor. Receberam mensagens de todo o tipo, porém entre as mais patéticas estão estas duas:

-Boa noite. Diz `a teus amigos que fiquem tranquilos, já podes ir.
-Isso que o advogado Vallín ensina na Academia Blogueira é tudo mentira - estamos terminando filosofia grega, as últimas duas aulas foram sobre Aristóteles.

Parece-me penosa a situação dos orgãos de inteligência: lidar com um grupo de jovens que se dedica a estudar, pintar, ou escrever deve ser bastante decepcionante. Suponho que quando se graduaram acreditavam que salvariam a pátria de agressões externas, protegeriam a sociedade do crime organizado e lutariam contra a corrupção social e governamental. Quão triste deve ser olhar para a única coisa que serviu tanto esforço, reprimir e acossar rapazes! Quanta inveja devem sentir dos seus homólogos seguranças pelo mundo afora, desmantelando redes criminosas e salvando civis; enquanto eles anos após anos esfregam as mãos do poder, sem conseguir tirar a mancha roxa úmida que lhes reveste a cara e a roupa.

Um comentário:

Laurene disse...

Pois é, Cláudia, em Honduras existem homólogos e que mataram já mais de trinta pessoas.