segunda-feira, 13 de abril de 2009

Catarse



Este blog é meu suporte, nele faço catarse um dia sim e um não e solto um pouco o que me aperta a garganta. Outro dia uma garota, professora como eu, perguntava-me muito seriamente o que eu pretendia conseguir com meu blog. Estávamos numa festa e eu podia ver seu ceticismo, sua dúvida, sua paranóia e sua desconfiança...era meu espelho, era eu dois anos atrás: recordo-me vivendo literalmente em 1984, eu não acreditava em nada, eu não acreditava em ninguem, todos eram da segurança do estado, o movimento dissidente era uma sucursal do Minint aos meus olhos, ninguem era sincero e eu estava completamente sozinha no mundo.

Não tenho soluções, lhe disse, não tenho aspirações políticas, não tenho um partido, não pertenço a nenhuma instituição, e além disso não creio que faça falta para exercer minhas liberdades que alguem me represente; tãopouco considero necessário vestir minhas críticas sociais e minhas opiniões políticas de conceitos vanguardistas: meu blog não é arte nem pretende, é um simples blog, como milhões de blogs a mais por aí. Defendo meu direito de expressar o que penso e de criticar o que creio que está mal, meu direito de pensar diferente e por isso, o direito dos demais pensarem diferente tambem. Considero que no meu país as liberdades cidadãs não são respeitadas e digo, considero que não há democracia e o digo tambem. Não espero que seja suficiente: sou uma a mais que já se cansou, eu não sou responsavel pelo que o governo fez, tãopouco levo escrito além disso em meus olhos o "Futuro Melhor", por sorte. Não só não tenho a responsabilidade nem a obrigação, senão que não as quero: o que eu peço é liberdade para os que tem projetos melhores, mais democráticos, mais livres, menos excludentes e onde se respeitem melhor os direitos humanos do que o modo como estamos vivendo até agora.

Ela me disse que muitos países democráticos não eram exatamente um modelo a ser seguido por Cuba, não duvido, isso é claro. Ainda que a sociedade democrática não seja a sociedade perfeita, não há porque então assumir uma totalitária que, sem dúvidas, tãopouco o é. Por outro lado, não posso deixar de pensar que nestes cinquenta anos, houve muita gente com aspirações políticas que lamentavelmente terminou jogando sua vocação na latrina de um cárcere para presos comuns.

Sinto decepcionar todos os que busquem neste blog a resposta para a "Cuba Perfeita", aqui só encontrarão meu pequeno grito para que um dia possamos dizer "Cuba Plural", "Cuba com Direitos", "Cuba com Cidadãos Independentes" e "Cuba com Democracia".

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