segunda-feira, 13 de julho de 2009

Não é fácil


Imagem: Lienzo de Luis Trápaga

Outro dia em um de nossos encontros blogueiros, passamos a falar das histórias do cemitério de Colón, das vicissitudes que há que se passar quando em Cuba morre alguém próximo. Pareceria um tema bem escabroso e num certo sentido o é, por sorte nos protege o cinema: "A morte de um burocrata" deixou claro, faz vários anos, que morrer em Cuba "não é fácil".

Dias depois uma vizinha de bairro me pega de surpresa com um conto horripilante. Ao que parece havia falecido por epilepsia uma mulher de uns 40 anos no bairro. O médico do consultório não encontrou nenhum sinal externo de violência porém por prudência chamou a Medicina Legal para que viessem examinar o corpo. A Medicina Legal argumenta que não é necessário tendo em vista a juventude da vítima, se não há sinais de crime deve-se proceder diretamente e redigir o certificado de óbito sem eles.

Por razões de segurança os familiares pedem que seja realizada uma necrópsia na falecida e começam a fazer os trâmites. Como era madrugada avançada nenhum hospital tinha muita vontade de recebê-los, tiveram várias variantes de negativa:

-Não há água.
-Não há técnico.
-O responsável não é localizado.

Finalmente encontram um hospital que decide receber a defunta e a família fica tranquila na espera dos resultados, que demoram uns dois meses. Porém passados tres não há respostas: aparentemente o conjunto de órgãos foi perdido e/ou deixado perder-se em algum ponto entre o hospital receptor e o lugar de processamento.

Decidiram fazer uma queixa, foram à província e tratam de mover céus e terra, porém sabem que já nunca poderão saber do que morreu.

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