quarta-feira, 1 de julho de 2009

Perico, em Matanzas



Outro dia passei por Matanzas e visitei Alejandrina, esposa de Diosdado González Marrero, prisioneiro de consciência desde a primavera negra de 2003. Ele participou da greve de fome e encontra-se só numa cela da prisão de Pinar del Rio "Quilômetro cinco e meio" (as prisões cubanas não deixam de me surpreender com seus horrendos nomes, tão horrendos como as condições existentes, claro). Alejandrina estava me contando as vicissitudes de chegar em Pinar del Rio para as visitas, porque viajar em Cuba é uma odisséia.

Nessa mesma odisséia eu andei para poder chegar em sua casa em Perico, um povoadozinho bastante escarpado. Havia perguntado à várias pessoas com muita paranóia porque temia ser interceptada pelos guardas. Com certeza ninguém parecia conhecer o nome de nenhuma rua e eu me negava a dizer quem ia ver...logo me dei conta de que não era tão grave, as pessoas respeitam muito as famílias e as apoiam.

Na casa que vêem na foto, justamente na esquina da casa de Alejandrina, fiz minha última pergunta e recebi um "não sei" que me pareceu grosseiro...talvez por levar muitas horas dando voltas daqui para lá e estar alterada.O caso é que ao me dar conta de que estava justamente ao lado de meu destino, uma onda de censura apertou meu peito em direção àquela mulher que, evidentemente, havia mentido.

Porém me enganei, toda essa triste família tem problemas de retardo mental e vivem em péssimas condições, alheios a realidade e esquecidos pela "segurança social?". No ano passado o ciclone os deixou sem casa e ainda não puderam terminar de reconstruí-la graças ao esquecimento do governo e apesar da ajuda dos vizinhos.

Uma mulher num portal, com o teto meio terminado e as paredes no tijolo, com um trapo vermelho no ombro que não sabe a rua onde vive, são as coisas que "A Revolução Socialista" não tem em conta.

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