quinta-feira, 3 de junho de 2010

E agora, o que falta?



Foto: Claudio Fuentes Mandan

Todos os meses fico agoniada pela ausência aleatória de produtos de primeira necessidade, pode ser azeite, champú, detergente, leite, ovos ou toalhas higiênicas. Cada vez que se aproxima o final de cada mes a pergunta me invade: o que faltará agora? Como se a minha cesta básica tivesse livre arbítrio e jogasse comigo um "estar faltando". As vezes não posso lavar, outras é agônico limpar, minha frigideira sofre no abandono ou minha caçarola de feijões se deprime sem a sua inseparável companheira de arroz.

Trato de buscar o momento em que tudo isto começou e me surpreendo ao descobrir que desde que era uma menina a economia joga escondido comigo. Ainda recordo claramente as coisas pelas quais minha mãe suspirava quando eu tinha só sete anos (comida, cigarros e sapatos para mim), aquelas outras que povoaram meus desejos de adolescente (chocolate, carne, um par de sapatos e sabão) e chego a minha idade adulta para comprovar que continuam, com seu sumiço persistente, exasperando minha intimidade.

Pergunto-me, como o resto dos cubanos, até quando uma garrafa de ácido muriático para limpar o banheiro será tão protagonista na minha vida? Será que quando tiver oitenta anos ainda evocarei com nostalgia um rolo de papel higiênico?

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