terça-feira, 15 de junho de 2010
Minha pobre cabeça
Foto: Claudio Fuentes Madan
Uma amiga me envia uma correspondência muito preocupada com a minha integridade física, da Espanha lhe chegou uma lista de setenta e quatro traidores da pátria entre os quais me encontro. Acontece que assinei uma carta, juntamente com outros representantes da sociedade civil, pedindo a flexibilização das facilidades para vender alimentos e a liberação das viagens de cidadãos americanos para Cuba.
A polêmica me fascina, aqui mesmo em Cuba tenho outra amiga blogueira que me chamou em seguida para me dizer que a porca tem que ser apertada até que não houvesse nem água para tomar, porque só assim a ditadura cairia: nem a mim ocorreu de chamá-la de "fascista", nem a ela a mim de "castrista assassina". Como é elementar terminamos nosso diálogo em total harmonia: ela me passou algumas interrogações e eu lhe apresentei outras dúvidas.
Não seria a primeira vez que na minha pequena ilha não teríamos nada para comer, já o vivemos - para nada relacionado com a política exterior dos Estados Unidos - depois da Perestroika e da Glasnost, que mandaram setenta anos de comunismo de cabeça para o inferno. Não creio que a democracia seja exportável, nem a fome uma detonadora da consciência social. Sempre me perguntei a quantas horas estivemos em 5 de agosto de 1994 de uma "Matança de Malecón" no estilo da de Tiananmen. Por acaso alguém especula que a China seja um país democrático?
Desde que tenho o uso da razão a política da guerra fria só serviu para que o Ministro das Relações Exteriores de turno repita um mantra infinito em quantos encontros de cúpula hajam pelo mundo "bloqueio, bloqueio, bloqueio", porém as contas particulares dos donos do país continuam "crescendo, crescendo, crescendo". Todavia a esquerda Européia e Latinoamericana aplaudem como se umas restrições econômicas pudessem justificar a ditadura mais longa do ocidente.
Essa é a minha opinião: pode estar errada, pode estar correta. Talvez seja ingênuo pensar que estas flexibilizações promoveriam a democratização de Cuba, contudo, o contrário acaba por ser - olhando-se friamente - igualmente naif. Agradeço a todos que tem mantido viva esta polêmica na rede sobre bases civilizadas e objetivas, especialmente Ernesto Hernández Busto, em Penúltimos Dias, me fez sentir que a Cuba harmônica e divergente não está muito longe, essa - como Reinaldo Escobar disse - onde "a discrepância política está legalizada".
Aos que pedem a minha cabeça, só uma observação: parece-me que vão ter que disputá-la com os rapazes do DSE, eles estão a solicitando antes.
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