Foto: Orlando Luis Pardo Lazo
O otimismo me abandona sem que eu houvesse podido desfrutar - para meu pesar - um momento dessa sensação que tantos nomes tem, porém que somente um verbo define: crer. Mais uma vez essa outra Claudia - a cética - reprova a ingênua: te adverti que a ação era "duvidar". Quando Pablo Pacheco me chamou emocionado pelas conversações iniciadas entre a Igreja Católica e o governo cubano, disse-lhe: Não me iludo, porém me alegra que tu no cárcere e condenado a vinte anos por escrever tua opinião, não percas a fé.
Uns dias mais tarde começou um translado de prisioneiros políticos que eu decidi batizar como "A Permuta". Sempre tão incrédula! - me reprimi - dá um tempo, as vezes libertam alguém antes que o espírito de Fariñas se liberte do corpo. Quanta ingenuidade a minha e quanto cinismo o do meu governo.
Quando me inteirei - logo após o estica e encolhe típico do Ministério das Relações Exteriores - que o Sr. Manfred Nowak, Relator Especial do Conselho de Direitos Humanos sobre a Tortura, não viria a Cuba, vi com clareza; estamos na presença da Permuta, quem gostar tudo bem e quem não que apodreça na prisão. Inclusive fico paranóica e me pergunto se as duas decisões (diálogo Cardeal-General e a negativa de entrada do relator) puderam ter surgido ao mesmo tempo de uma só mente. Não se tratava, no início, de libertar os jornalistas e dissidentes doentes? Em qual momento "mudar de província" teve o stauts de "libertação"? É tortura encarcerar um homem por suas ideias? E mudá-lo de cárcere, o que é?
Eu ficaria fascinada se amanhã alguém me mostrasse as evidências do meu equívoco, que foi objeto de sermão dos meus amigos "Tu sempre tão radical!" , que os detratores de Octavo Cerco invadiram o foro com comentários do tipo: Claudia, te enganaste! Retrata-te, Raúl Castro liberou os doentes! Porém não sei porque estes translados de prisioneiros, a negativa de entrada do relator e um diálogo sem prazos nem compromissos me lembram o jogo "Colocar o rabo no burro": essa disputa onde alguém, as cegas, trata de colocar um rabo num animal pintado, guiando-se pelos gritos de um grupo que não entra em acordo sobre o lugar que a cabeça do animal ocupa no papel.
sábado, 12 de junho de 2010
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