segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

No aniversário 50, esta é a questão: ir ou ficar ?


Quadro: Claudio Fuentes Madan

As razões de ambas as decisões são igualmente importantes para mim. O sacrifício de qualquer das opções é grande. Acredito em coisas que podem ser feitas por este país dentro ou de fora, isso não é o que importa.O que me parece, sim, importante é não estar julgando o papel daqueles que estão fazendo coisas desde qualquer ponto do planeta e que todos pensem que todos são da segurança do estado ou oportunistas. Pois parece que o longo braço da paranóia chegou a penetrar nas mentes de muitos de nós até níveis absurdos. Decidir ficar não implica que acredite que haverão mudanças em Cuba nos próximos 50 anos, não quero pecar por ingenuidade e que a desilusão se converta amanhã em arrependimento. Sem embargo, ficar sim é renunciar por tempo indefinido aos direitos que me assistem como cidadã, alguns dos quais nestes momentos exerço porque me dá a vontade, embora não estejam legitimados, como argumenta Mariela Castro em sua extranha carta "não" dirigida à Yoani Sánchez ( parece, de maneira excepcional na história da escrita, que agora os textos que se escrevem sobre Yoani desde Cuba são de pessoas que NÃO estão interessadas nela ou sequer sabem quem é). Por outro lado, decidir ir-me creio que seria, contraditóriamente, renunciar a toda esperança de possível mudança nos próximos 50 anos. Porém como não sonhar com um mundo onde o medo e a paranóia por pensar não existem, onde paguem por meu trabalho, onde não se fale de gratuidades de 60 milhões de dólares para não sei que personagens enquanto nós, o resto dos mortais, todavia estamos com 20 cuc ao mes e sem gratuidades (viagens, férias em Varadero ou em ilhotas em que não posso entrar) e onde a delação, como já disse uma vez, esteja institucionalizada, pois se alguem tem duvidas cito:

"Não se pode dirigir e controlar e ao mesmo tempo ser tolerante; desempenhar o papel de "gente boa" como se diz popularmente. Daí os diversos qualificativos, normalmente depreciativos, que remetem a quantos atuam como realmente se deve fazer"

Discurso de Raúl Castro perante a Assembléia Nacional do Poder PopularPalácio das Convenções, Havana, 27 de dezembro de 2008.

Se faço um balanço do vocabulário que escutei neste último mes, do governo me vem claramente as palavras Ódio e Intolerância, de que mudanças me fala de não sei em que tempo com tal sintaxe, obrigado, porém creio que prefiro Guatemala, porque sem dúvida estamos entrando em Guatepeor (nota do tradutor: país imaginário).

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