quarta-feira, 17 de junho de 2009
Concerto de Cafe Tacuba
Estou acostumada a chegar aos concertos massivos e não conseguir ver nada do que sucede no palco porque sou pequeninha e as telas que põem, por alguma estranha razão, são vistas com dificuldade. Porém o realmente triste da terça-feira no protestródromo com Cafeta Cuba não era vê-los, senão que da minha perspectiva o único que se lia era: Tudo pela Revolução. Como cheguei um pouco tarde, uma amiga ironizou dizendo que Raúl Castro havia dado início ao "concert" com um discurso friky.
Atrás do cartaz as bandeiras negras, e detrás das bandeiras negras, os letreiros em vermelho da oficina de Intereses...que desagradável! Todos os que como eu medem menos de 1 metro e 70 recordaremos só essa imagem deste concerto em Havana, a única que conseguíamos ver. Não critico ninguém, porém se eu fosse um músico estrangeiro e viesse tocar em Cuba, nem morta iria para o “Prote”(protestródomo), melhor seria tocar para o Comitê Central junto com os envolvidos na celebração do “50º aniversário da existência dos órgãos da segurança do estado”.
Porém o pior foi no final, uma turba de policiais com apitos começou a silvar atrás de nós para que "desocupássemos” o lugar. Fui ficando sozinha na plataforma até que uns 10 silvos me guincharam pelas costas, então virei-me e lhes disse:
-Não me vou por a perguntar as razões pelas quais tenho que ir daqui, porém já que vão me tirar, ao menos tenham a decência de não me tratarem como uma vaca.
Uma garota e dois rapazes policiais me pediram por favor, ainda que um que parecia ser o chefe disse que já estavam há muito tempo tirando as pessoas e que tínhamos que ir, não importa como, se com apito ou empurrões, porém ir.
-Pagam você para tirar-me? Não? Então este tempo que você passa aqui inclui seu salário, não é minha culpa que seja um trabalho lento, me pede por favor que me vou, apita de novo e fico.
Não apitou mais, porém ficou resmungando umas maldições, suponho que à juventude em geral... amargura dos corpos repressivos.
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