terça-feira, 25 de maio de 2010

Um povo de menores de idade



Olho com aversão - para que negá-lo? - a cara de Ramiro Valdés na televisão. Desta vez lhe cabe o sermão aos trabalhadores do setor de construção. Já quase não me dou ao trabalho de escutá-lo, cada vez que fala é para resmungar conosco - ele e Machado Ventura se transformaram, para dizer de certa forma, nas bábás do cidadão cubano: admoestações, castigos e ameaças.

A mesma cantilena de sempre: trabalhar mais, pedir menos, não queixar-se tanto, ser combativo, cumprir as tarefas da Revolução, não desviar recursos, não esperar estímulos, confiar nos líderes do processo, ser fiel ao Partido...é a chatice do pai autoritário `a seus filhos eternamente menores de idade.

Ramiro não se pergunta o que os construtores comeriam se não "desviassem" alguns ladrilhos para serem comercializados no mercado negro? Os chefes sindicais, segundo parece, fazem vista grossa. Será que eles também precisam de um salário para sobreviver? Porque não se enche de valor e passa a batuta aos "descumpridores" para que contem sua versão do paraíso dos trabalhadores?

Ao invés de ficar ameaçando com retirada de estímulos e prebendas - que só fazem florescer o oportunismo e a dupla moral - deveria se perguntar porque o salário não é razão suficiente para trabalhar bem, para obter melhores resultados e para aumentar a produção. Claro, isso ele faria se se importasse de verdade, e sim - além disso - não confundiria o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Construção com um grupo infantil.

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