sábado, 1 de maio de 2010

O regresso do ovo



Uma das primeiras impressões que me causou a mudança de "presidente" foi o desaparecimento dos vendedores ambulantes e seus produtos - debaixo da minha casa. O ovo, os prendedores de roupa, as escovas, os jarrinhos, o queijo e o yogurt desapareceram naquela esquisita guerra contra o mercado negro com que Raúl Castro deu início ao seu mandato.

A partir desse momento comprar algo tão simples como um ovo começou a se tornar agônico, desde filas kilométricas até andanças à lugares remotos da cidade. O zum zum dos pregões afastou-se da minha janela e me resignei a prescindir deles.

Hoje as nove da manhã acreditei que sonhava, uma voz de mulher gritava:

-Ovo! Ovo!

Abri os olhos e me dei conta de que o som não vinha do meu subconsciente. Minha realidade se reconstituía novamente e as pessoas voltavam a se arriscar a vender: a necessidade ordena. Dei um salto e gritei:

-Vou!

Parecia que ao contrário de um pregão me haviam chamado pelo meu nome. Desci correndo as escadas para comprar a preciosa mercadoria. Até há pouco tempo seu preço era de dois pesos a unidade, porém o risco de negociar na rua é alto e se paga: agora um ovo custa dois pesos e cinquenta centavos.

Um comentário:

Jambalaia disse...

A sociedade brasileira esta acostumada a uma certa abundância.

Não dá para se imaginar viver sem ovos, batatas, tomates, arroz, carne, etc.

Não consigo entender porque ainda apóiam os irmãos Castro diante de tamanha falta de produtos, bens e de serviços.

Afinal para que serviu esta tal revolução, se ela os obriga a novos racionamentos e lutas ideológicas contra o exterior.