Na sexta-feira meu telefone deixou de funcionar, parecia que estava cortado, assim foi que chamei o 114 pra ver o que acontecia. A garota da recepção me disse que estava desconectado por decisão do Escritório Comercial. Como não tinha atrasos no pagamento nem nenhum tipo de problema, fui à Etecsa na 19 e C (ruas) no Vedado, meu Escritório Comercial.
Nada além de entrar e explicar o problema, uma garota teclou o seu computador e grunhiu: não estou para problemas, isto é um "Motivo 1"! Vai lá dentro para ver Fulanita. Fulanita logo tratou de me comunicar com uma coisa chamada MLC e não conseguiu falar com ninguém, teclou algo, por sua vez alguma coisa (aconteceu) em seu computador e me disse sorridente: - Já está conectado.
Fui para casa tranquila, perguntando-me de mau humor o que seria o "Motivo 1". porque poderia ser um problema e quem trabalha no MLC, porém não quis entrar em paranóia. Duas horas depois estava de novo na 19 e C, exatamente as tres da tarde ( o escritório fecha as quatro) porque haviam me cortado o telefone pela segunda vez.
Da porta a garota que não quer problemas me assinalou o caminho já conhecido, a outra escreveu algo num papel e me disse que alí era escritório comercial e que elas não tinham conhecimento de nada. Pedi-lhe que fosse sincera comigo, se não me haviam desconectado alí, então onde e quem o havia feito?- As Instâncias Superiores, respondeu. levantou-se e levou os papéis à "A Chefa", sentada num pequeno escritório no fim do recinto, disse-me que chamariam para ver o que acontecia.
A chefa esteve uns 10 minutos no telefone e mostrava-se bastante alterada, de onde eu estava não podia ouvir suas palavras porém pude ler seus lábios duas vezes: dizia no microfone que tinham que a haver informado porque agora era ela que tinha que dar uma explicação, depois disse à que me atendia que não podia ligar de novo meu telefone porque seria desconectado em uma hora no máximo, outra vez.
Estava perdendo a calma, pedi para falar com "A Chefa" e entrei no seu escritório, estava muito quente porque o ar condicionado não funcionava. Não pude tirar dela nada compreensível, foi um pouco cínica. No fim das contas não a culpo, suponho que se me dissesse a verdade teria problemas. Disse-me que não havia forma humana de saber o que acontecia com meu telefone, depois fariam uma investigação do caso para "descobrir" o que era, num determinado momento fez uma analogia entre os televisores e os telefones que não entendi muito bem. Ambas sorríamos todo o tempo, era puro teatro, várias vezes até soltei uma gargalhada, sobretudo quando me confessou desanimada que haviam muitas coisas técnicas que estavam completamente fora de seu controle, parecia que a Etecsa funcionava por obra e graça do Espírito Santo (ou da Segurança do Estado, é claro).
Ficarei todo o fim de semana sem telefone, na segunda-feira devo voltar ainda que tenha ficado claro que a "resposta" estava nas mãos das "As Instâncias Superiores", que não se sabe quem são ou onde ficam. Como disse Orlando Luis, nessas alturas bem poderiam declarar a Etecsa, Cubalse (ou como quer que se chame agora), o Ministério da Educação, da Saúde, da Cultura, os cinemas, os teatros, as escolas e todos os demais, sucursais do Ministério do Interior. De todo modo, já sabemos que a "Instância Superior Suprema" fica exatamente no Comitê Central.
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