segunda-feira, 18 de maio de 2009

Sindicatos

Foto: Claudio Fuentes Madan

O noticiário do canal Havana poderia se qualificado como ligeiramente mais próximo da realidade do que o Noticiário de Televisão, pequenos detalhes me fazem pensar que há gente um pouco mais jovem por trás do roteiro. Outro dia falavam dos sindicatos e colocaram três entrevistas: duas pela rua com o povo e uma com um dirigente sindical.

O chefe sindical explicava de um modo não muito claro que os sindicatos cubanos tinham duas missões: representar o trabalhador e o estado. A primeira era a que todo mundo conhecia, lutar pelos direitos do trabalhador e que estes não fossem pisoteados; a segunda, um pouco ambígua, referia-se a defender os interesses do Estado, que havia tido a “bondade” de reconhecer legalmente os sindicatos, e era sua principal tarefa porque estes, por sua vez, defendiam a obra da revolução. Argumentou que havia contradições entre os interesses, porém não antagonismo. Sinceramente não entendi nada.

Os trabalhadores entrevistados na rua disseram que o sindicato deles não os representava exatamente, um disse que “tinha-se que melhorar essa situação”.
Quando trabalhava para o estado como professora tinha um contrato por tempo indefinido, é um tipo de contrato que não dá ao trabalhador direito à quase nada (nem aposentadoria, nem férias). Logo após dois anos tratei de obter um contrato fixo, como se supõe que fosse meu direito, porém colidi com um bloco burocrático: eu não podia ser fixa porque o lugar de “professor” não estava previsto no meu centro.

Falei com o sindicato, pedi ajuda para que interviesse junto aos diretores e pressionassem para que se criasse o lugar. Comecei a pagar os quase 100 pesos anuais do sindicato, a ir às reuniões, a apresentar meu problema... porém nada sucedeu. A chefa de meu sindicato só parecia preocupar-se com o recolhimento do dinheiro, a assistência das reuniões (nas quais não se falava absolutamente nada) e pela feitura de uma Ata sem fissuras (tudo em ordem, tudo debaixo de controle). Por essa mesma época uma companheira ficou grávida. Como nosso contrato não contemplava licenças, foi-lhe informado que não teria licença maternidade. Desde o primeiro até o oitavo mês trabalhou e percorremos todas as instâncias havidas e por haver: não conseguimos nada. Os chefes sindicais me faziam piadas de mau gosto nos corredores: não vá te emprenhar também.

Uns meses depois deixei de pagar o sindicato e no seguinte cancelei meu pobre contrato, renovável a cada três meses

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